O intuito do The best Cinema é fazer com que aqueles que gostam de cinema e tenham vontade de participar, expondo sua opinião, interajam! Nos também vamos tentar agregar o máximo de conteúdo vinculado.
Jamie Foxx confirmou que viverá Electro, na sequência de O Espetacular Homem-Aranha. Os rumores de que ele iria interpretar o personagem começaram no mês passado, quando o ator foi a uma festa de Halloween caracterizado como o vilão.
Nos quadrinhos, Electro é um dos inimigos clássicos do Homem-Aranha, que adquire a habilidade de controlar eletricidade após ser atingido por um raio.
Além de Foxx, o ator Dane DeHaan, de Poder Sem Limites, foi confirmado como Harry Osborn, o melhor amigo de Peter Parker e filho de Norman Osborn, o Duende Verde.
Com isso o elenco principal do próximo filme de Homem-Aranha está muito perto de ser completado. A jovem Shailene Woodley foi contratada para viver Mary Jane, e Emma Stone volta a interpretar Gwen Stacy, assim como Andrew Garfield no papel do herói.
A sequência da produção, dirigida por Marc Webb, ainda não tem título definido. A previsão é que as filmagens se iniciem no começo do ano que vem, em Nova York, para o filme estrear em maio de 2014.
O Annie Awards, prêmio conhecido como o “Oscar das animações”, revelou os seus indicados para a edição 2013.
A honraria, entregue pela International Animated Film Society, terá oito filmes concorrendo a melhor longa de animação: Valente, Frankenweenie, Hotel Transilvânia, ParaNorman, A Origem dos Guardiões, Piratas Pirados!, O Gato do Rabino e Detona Ralph. Ficaram de fora grande lançamentos do ano como O Lorax, Madagascar 3 e A Era do Gelo 4.
Rango foi o grande vencedor da edição 2012 da premiação.
Confira as principais categorias:
Melhor animação longa-metragem
Valente
Frankenweenie
Hotel Transilvânia
ParaNorman
A Origem dos Guardiões
Piratas Pirados!
O Gato do Rabino
Detona Ralph
Melhor animação curta-metragem
Brad and Gary
Bydlo
Eyes on the Stars
Goodnight Mr. Foot
Kali the Little Vampire
Maggie Simpson em “The Longest Daycare”
Paperman
Os Simpsons – “Bill Plympton Couch Gag”
Melhor produção para a TV
Archer – Episódio “Space Race, Part 1″
Bob’s Burguers – Episódio “Earsy Rider”
Motorcity – Episódio “Blond Thunder”
MAD – Episódio “FrankenWinnie/ParaMorgan”
Robot Chicken – Especial DC Comics
South Park – Episódio “Raising the Bar”
Melhor animação para videogame
Borderlands 2
Family Guy – Back to the Mutiverse
Journey
Skullgirls
Melhor animação infantil
Adventure Time – Episódio “Princess Cookie”
Dragons: Riders of Berk – Episódio “How to Pick Your Dragon”
LEGO Star Wars – Episódio “The Empire Strikes Out”
Os Pinguins de Madagascar – Episódio “Action Reaction”
Bob Esponja- Episódio “It’s a SpongeBob Christmas!”
The Amazing World of Gumball – Episódio “The Job”
Os Padrinhos Mágicos – Episódio “Farm Pit”
A Lenda de Korra- Episódio “Welcome to Republic City/ A Leaf in the Wind”
O 40º Annie Awards acontece no dia 2 de fevereiro, em Los Angeles (EUA).
Freddy
Krueger é um vilão do terror tão emblemático quanto seus antecessores
Leatherface, Michael Myers ou Jason Vorhees. Na verdade, pode-se dizer que
Krueger é o mais popular dentre todos eles, já que seus filmes obtiveram os
maiores sucessos comerciais e Krueger virou uma marca nos anos 80 e começo dos
90, vendendo vídeo games, fantasias, luvas, álbum de figurinhas, singles de rap
(!), brinquedos...enfim, um verdadeiro ídolo para a moçada da época.
Grande
parte disso vem do caráter fantasioso e humorado que seus filmes ganharam à
partir do terceiro capítulo. O primeiro filme, o melhor filme de Wes Craven, é
um terror sério e inteligente que assusta de verdade, já o segundo tentou
seguir a linha da seriedade no mesmo tom. Do terceiro ao sexto capítulos, entre
altos e baixos, Krueger deixou de ser um vilão ameaçador e misterioso para
virar um protagonista de aventuras sombrias com muito tom de humor. Já no
sétimo capítulo, Wes Craven retornou para voltar a série aos eixos com um
roteiro ainda mais complexo e inteligente que seu primeiro filme.
É
verdade também que muito do sucesso de Freddy Krueger veio pela caracterização
sombria, ácida e sarcástica de Robert Englund, que ficou imortalizado
eternamente no “Hall da Fama” dos grandes nomes do terror. E mesmo a premissa
básica dos filmes: um serial killer desfigurado que mata adolescentes em seus
sonhos; é genial, já que enquanto dormimos estamos completamente vulneráveis,
além de que, é impossível não dormimos, e isso dá um tom pessimista e desolador
incrível aos filmes. É como se Craven tivesse misturado “Sexta-Feira 13” com
“Poltergeist – O Fenômeno”. E mesmo que nem todos os filmes sejam bons, pelo
menos todos os filmes tiveram MUITA criatividade nas cenas de terror, já que
não há limites para o que pode ser feito nos sonhos! Tirando, é claro, a
PÉSSIMA refilmagem produzida por Michael Bay, que é, de longe, a pior
refilmagem que já tive o desprazer de assistir (juntamente com o risível “A
Névoa”, refilmagem do pequeno clássico “A Bruma Assassina” de John Carpenter).
Se
compararmos com uma franquia de hoje em dia, “A Hora do Pesadelo” é semelhante
a “Premonição”, pois, apesar de não ter filmes sempre bons e cair um pouco na
repetição, pelo menos sempre contam com mortes criativas e competência técnica
– alguns filmes do Jason são muito mal produzidos, por exemplo, enquanto os
filmes de Krueger sempre revelavam excelentes maquiagens, efeitos especiais,
design sonoro e fotografia.
Enfim,
os filmes de Freddy Krueger possuem um clima 80’s surtado e divertido muito
nostálgico. Principalmente para quem sempre assistia seus filmes quando
passavam no SBT.
A Hora do Pesadelo (A Nightmare on
Elm Street, 1984) de Wes Craven
O que dizer do primeiro filme do nosso titio Freddy Krueger? Arrepiante,
divertidíssimo, esperto, cool, antológico, cult, clássico e super nostálgico.
Wes Craven conseguiu realmente criar uma obra decisiva no gênero terror (BEM
SUPERIOR aos seus filmes anteriores como "Quadrilha de Sádicos" e
"Aniversário Macabro") e digo que esse
é
seu melhor filme, sem dúvida.
Tudo dá
certo nesse filme, tudo é orgânico e correto, e cada segundo nos chama mais a
atenção e nos diverte. A idéia por si só é genial, uma assassino que ataca nos
sonhos; ou seja, ninguém pode escapar dele, pois todos temos que dormir, é
inevitável e contra a natureza do ser humano. Craven também conseguiu inovar
nos filmes slashers, levando o fantasioso e o sobrenatural para o gênero (Jason
pode ser imortal e Michael o "Mal" absoluto, mas foram concebidos
como seres humanos... Freddy não é mais ser humano, e sim uma entidade, um
Poltergeist - e ao invés de assombrar um local, ele assombra os jovens de Elm
Street).
O início
do filme, com uma ambientação, fotografia e sonoridade sombrias, é genial e
completamente enriquecedor ao clima do filme e à perturbação e ameaça do vilão
– e Craven é inteligente ao mostrar somente as mãos, nunca o rosto, de Fred
Krueger, como se fôssemos voyeurs e como se sua arma representa-se toda sua
psique macabra. Aliás aqui, Fred Krueger já se revela um vilão inesquecível do
cinema e do imaginário popular - sendo um cara mal e perturbador, dono de um
cinismo negro divertido e um sadismo único. Craven é sagaz ao enfocar, quase
sempre, somente partes do corpo de Krueger (a cabeça, os braços, a sombra e,
claro, as mãos com a luva de lâminas), nos oferecendo doses homeopáticas do
horror até o conhecermos melhor – e mesmo quando o mostra como um todo, a
fotografia FANTÁSTICA usa muito do escuro e de pontos luminosos muito bem
calculados para instaurar uma aura macabra e obscura a Krueger.
E se
Jason tem seu Crystal Lake e Michael Myers tem sua decrépita casa, Fred aqui
tem como lar um uma velha siderúrgica assustadora e que mais parece um
labirinto (não fantasioso como o de "Labirinto - A Magia do Tempo",
mas arrepiante e claustrofóbico como o de "O Iluminado"); e, mais uma
vez, Craven é inteligente utilizando a lógica interna da trama para usar a casa
de caldeiras como cenário de Krueger já que foi nesse local que algo decisivo
ocorreu a ele quando vivo.
Um método
muito bem utilizado por Wes Craven para nos deixar em um universo de pesadelos
como os personagens, é a mudança constante e TENSA de cenários, que
praticamente se fundem com portas que levam a cômodos impossíveis de haver no
local (como a porta do porão de Nancy que dá para a sidrúrgica), objetos não
pertencentes aos locais (como as folhas secas no corredor da escola, os animais
peçonhentos que saem do saco de Tina - no melhor estilo "Halloween
3"), becos sem saídas sujos e complicados (que parecem as locações de
"A Volta dos Mortos-Vivos")... trazendo um clima alucinado ao filme
de realidade paralelas e outras dimensões (como no filme "A Casa do
Espanto" ou até "À Beira da Loucura"). E isso não confere
somente estilo sombrio ao filme, como também é coreografado por Craven com esperteza
ao mergulhar pouco a pouco no sono – reparem como Nancy, constantemente, desce
escadas nos seus sonhos como se ela estivesse cada vez mais em um sono
profundo... GENIAL!
E Wes
Craven não acerta só nisso, ele nos entrega trucagens divertidas e que funcionam
para assustar - Fred é sempre envolto por sombras que tornam suas queimaduras
ainda mais repugnantes (ao contrário da câmera subjetiva dos primeiros
"Sexta-Feira 13"), coloca-o em contra-luz mostrando só sua silhueta
para nos assustar (também muito bem usado em "Halloween"), suas
auto-mutilações são divertidíssimas, em certos momentos ele dá close nas luvas
de Fred como se elas tivessem vida própria (coisa também usada de forma
elegante em "Sexta-Feira 13- Parte 2").
Narrativamente
o filme também ganha pontos, reparem que todos os personagens tem problemas
familiares (a mãe de Tina leva homens para casa, seu pai é ausente; a mãe de Nancy
é alcoólatra e divorciada; os pais de Glen são preconceituosos e intolerantes).
Além disso, ele consegue imprimir MUITO cansaço e nervosismo ao sempre mostrar
Nancy combatendo o sono e trabalhar na maquiagem parta envelhecê-la.
As cenas
de morte são fantásticas, com destaque para a cena de pesadelo de Tina, que
mistura “Poltergeist” a uma ambientação assustadora, trilha sonora inquietante
e situação angustiante de morte assistida. Já o jorro de sangue à la "Uma
Noite Alucinante 2" é ... alucinante e uma das cenas mais EMBLEMÁTICAS do
cinema de horror de TODOS OS TEMPOS.
A trilha
sonora do filme usa muito de batidas repetidas e inquietantes que são perfeitas
para o clima do filme. A canção-tema das crianças de Fred Krueger é ANTOLÓGICA
e MUITO atmosférica.
Heather
Langenkamp imprime intensidade como Nancy, mas está caricata em alguns
momentos. John Saxon faz um papel similar ao que fez no arrepiante "Noite
do Terror" e Jhonny Depp não pode fazer muita coisa, mas não torna seu
personagem antipático e descartável (e vê-lo de brilhantina no cabelo e com
aqueles enormes fones de ouvido é impagável). Fora a participação legal de Lin
Shaye (também de cults como "Criaturas", "The Hidden" e do
recente e bacana "Sobrenatural"). A revelação do filme, no entanto, é
Robert Englund, que tornou Fred Krueger um poço de violência, sadismo e maldade
escabrosa que sempre representa MUITO prazer ao perseguir e matar suas vítimas,
já seus trejeitos alucinados ao correr atrás das vítimas, rir com ironia e
fazer caras e bocas para assustar é um toque de gênio que enche Krueger de
personalidade e o tornou um ÍCONE IMORTAL do cinema.
Com uma
conclusão “MELHOR IMPOSSÍVEL” e que te faz querer não dormir, "A Hora do
Pesadelo" despontou como um filme original e inovador, e se coloca ao lado
das melhores produções do gênero e iniciou uma série igualmente divertida e
alucinada.
A Hora do Pesadelo 2 - A Vingança
de Freddy (A Nightmare on Elm Street 2 - Freddy's Revenge, 1985) de Jack
Sholder
Com o GRANDE sucesso de crítica e público de "A Hora do
Pesadelo", que alçou Freddy Krueger a um dos maiores, e mais divertidos
vilões do horror e do cinema, e sua capacidade imensa de divertir, empolgar e
assustar, é claro que a New Line Cinema não perderia a oportunidade de criar uma franquia (como a já firmada “Sexta-Feira
13”). Aliás, a New Line só não faliu na época por causa do sucesso de nosso
velho amigo Freddy. A sequência foi feita BEM rápido - foi lançada só um ano
após o filme original -, e não traz de volta o roteiro e a direção inspiradas
de Wes Craven, o que deixa o filme com uma atmosfera atípica e muito diferente
do original. Apesar de não chegar nem aos pés do filme original (principalmente
pelo roteiro indeciso e por personagens nada carismáticos), “A Hora do Pesadelo
2” rende uns bons momentos de mau humor e seriedade cruel de Freddy Krueger –
que não existirão nas sequências; e funciona como uma alegoria estranha, mas
não menos interessante, para a aceitação da homossexualidade do protagonista...
acredite se quiser!
O caso é
que o tom do filme mudou um pouco, Fred aqui está BEM mais sombrio o bizarro
que no filme anterior (antes ele até fazia umas piadinhas, aqui NÃO) e perdeu
sua bacana ironia; e o filme não trás aquela sensação de estar assistindo um
alucinado episódio de "Além da Imaginação" fundindo sonhos com
realidade; o filme todo é sobre uma tentativa de Fred Krueger se materializar
no mundo real por meio de Jesse, e o filme perde pontos aí, pois Jesse é um
moleque antipático e mimado.
O filme
se passa cinco anos após os eventos do filme anterior, onde ficamos sabendo que
Nancy ficou louca após tudo o que passou e está internada. Jesse e sua família
se muda para a casa - que ganhou fama de "Casa dos Myers" de
Springwood e é uma verdadeira "Amityville" - direto e reto acontecem
coisas sobrenaturais na casa que não têm nada a ver com Freddy e ficam
inexplicadas (como o ataque dos periquitos explosivos, a cena mais ridícula do
filme, uma versão tropical e risível de "Os Pássaros"). No filme,
Freddy assombra Jesse para encarnar em seu corpo para se materializar no mundo
real e continuar sua contagem de corpos com os jovens de Elm Street.
Aí é que está o GRANDE erro do roteiro: Krueger é uma entidade sobrenatural que
ataca nos sonhos, onde é IMBATÍVEL. Porque, cargas d’água, o roteirista
resolveu transformar Krueger em um espírito possuidor que assombra a casa de
Nancy? Ele NÃO PRECISA vir ao mundo real para matar, ele pode fazer isso
FACILMENTE nos sonhos. Pelo visto, o roteirista não viu, ou, não entendeu, NADA
do filme original.
Porém, apesar dessa confusão em relação à natureza do vilão, o filme ficou mais
marcado pela parábola homossexual implícita, assim como os dois "Olhos
Famintos". Nada contra a diversidade sexual, acho até interessante que o
tema não fique restrito só a produções dramáticas (como os fabulosos
"Filadélfia" ou "O Segredo de Brokeback Mountain") e vão para
outros gêneros. Mas num filme do Freddy Krueger isso fica TOTALMENTE desfocado,
o vilão não tem nada a ver com esse debate. "Olhos Famintos 1 e 2"
são filmes bons e podem debater esse tema justamente por se iniciar com o
mesmo... mas Freddy não. Se a intenção do roteirista David Chaskin era criar um
paralelo com os problemas familiares do 1º filme, ele errou feio...
E as cenas mais "alegres" do filme são risíveis - a dança de Jesse
enquanto arruma o quarto é constrangedora; sem dizer na “briga” entre ele e seu
amigo latino (que mais parece um amasso, sem contar a bunda de fora de Jesse).
A cena da chupada de peitos da mocinha é estranhíssima (fora que Kim Myers, que
fez o ruim "Hellraiser 4", é a cara de Meryl Streep).
Mark
Patton, que faz o Jesse, é um PÉSSIMO ator, não exibe carisma nenhum e, em
todas as suas cenas, ele inspira mais risos que credibilidade (reparem na cena
que ele revela para Kim que matou seu amigo). De destaque só mesmo as
participações nostálgicas de Robert Rusler (que esteve em vários filmes bacanas
dos anos 80, como “Mulher Nota 1000” e "Vamp - A Noite dos
Vampiros"), além de Clu Gulager (que fez o clássico "A Volta dos
Mortos-Vivos" no mesmo ano).
Mas se
toda essa aura "colorida" não convence no filme, Jack Sholder sabe
contornar a situação e nos trazer o Freddy Krueger mais assustador de toda a
série (o do 1º e 7º filmes também são marcantes, mas aqui ele é insuperável).
Aqui não tem espaço para piadinhas, o cara chega e mata mesmo sem dó. Aqui,
Freddy nunca esteve tão obscuro e misterioso (sua silueta, os olhos vermelhos,
sua enervante calma ao andar e conversar ajuda nesse quesito). As cenas de
morte são excelentes (tirando a cena no chuveiro); o sonho do ônibus é
antológico; a cena do quarto de Grady idem (uma das mais violentas de toda a
série - e que foi usado em algumas passagens de "Hellraiser 2"). Já
uma cena de festa na piscina é mal entendida (pela lógica do filme não é
equivocada), é frenética e mostra um Freddy rápido, curto e grosso (quase como
um Jason) - e com certeza a cena da festa no milharal de "Freddy Vs.
Jason" foi baseada nessa cena... A batalha final é meio piegas (o que são
aqueles animais “from hell” na velha siderúrgica? Os cães parecem uma mistura
de Cujo e Cucky; e tem até um "Tom e Jerry" do mal lá no meio ...
impagável).
A
maquiagem de Kevin Yagher (o cara que criou o traumatizante Chucky) é
FANTÁSTICA (vide as cenas de transformação Jesse/Freddy) e a fotografia e os
efeitos especiais são bem competentes e climáticas – aliás, tecnicamente,
TODOS, os filmes de Freddy Krueger são BEM competentes. O que muda bastante do
filme anterior é a trilha sonora, que aqui também deixa o filme climático, mas
perde para a anterior (e cadê a cantiga de corda do Freddy?).
O filme
pode ter sido fracasso de crítica (de público não é, pois arrecadou tanto
quanto o 1º) e hoje um filme maldito (mal compreendido), mas é o filme que traz
o Freddy Krueger mais macabro. Pessoalmente, é um clássico da infância (não sei
porquê, mas esse é o filme de “A Hora do Pesadelo” que o SBT mais passava nas
madrugadas). No próximo, Freddy voltaria com seu humor negro e ironia
sobrepondo um pouco sua maldade e iniciaria suas aventuras fantasiosas, não
menos divertidas.
A Hora do Pesadelo 3 – Os
Guerreiros dos Sonhos (A Nightmare on Elm Street 3 - The Dreams Warriors, 1987)
de Chuck Russel
Pelo jeito ninguém gostou do Fred Krueger imponente e mau do 2º
pesadelo, e preferiram o Freddy Krueger alucinado, humorista e irônico que
aparecia em doses, homeopáticas, no 1º filme. E eu não os culpo por isso,
apesar de Freddy Kruger ser um vilão SÉRIO e AMEAÇADOR em “A Vingança de Freddy”, a verve do personagem
(sobre a questão dos sonhos) tinha desaparecido desrespeitosamente.
Se em “A
Vingança de Freddy” a maldade é a única coisa em Freddy, aqui em “Os Guerreiros
dos Sonhos” é seu espírito aventureiro que manda. Sim, com esse filme começou a
fase "A Aventuras Macabras de Freddy Krueger" onde o mundo dos sonhos
é um verdadeiro mundo das fantasias bizarro, um "País das Maravilhas"
em que Freddy é a Rainha de Copas e ninguém consegue escapar dele.
O lado
“terrorzão” some um pouco aqui, e o que mantém o filme são as situações
fantásticas e divertidas com Freddy sempre com uma piada na ponta da língua e
formas cada vez mais criativas de matar suas vítimas – e isso só dá certo e não
cai na avacalhação total por conta da boa direção de Chuck Russel (que depois
nos trouxe o superior “A Bolha Assassina”).
Grande
parte da diversão de “Os Guerreiros dos Sonhos” se deve também à esperteza do
roteiro (de Russel e do ÓTIMO Frank Darabont – diretor dos FABULOSOS “Um Sonho
de Liberdade”, “À Espera de Um Milagre” e “O Nevoeiro”). Já que Jesse era um
protagonista aborrecidíssimo no filme anterior, trouxeram Nancy de volta em
grande forma - mais esperta e madura - como uma psiquiatra especialista em
distúrbios do sono (bacana!). Fora que os jovens de Elm Street são atacados por
Freddy nos sonhos e são tidos como suicidas e internados em um asilo
psiquiatrico (outra sacada inteligente do roteiro) - algo que também serviu
para dar um clima de desconforto em "Hellraiser II". E além de
trazerem Nancy de volta, eles criam a 2ª das três heroínas emblemáticas da
série: Kristen (Patricia Arquette, que esteve no clássico "Ed Wood"
de Tim Burton).
John Saxon também volta à série como um amargurado policial pai
de Nancy. Além dos três, Craig Wasson (o ator claustrofóbico do antológico
"Dublê de Corpo") também é parte importante do filme e interpreta um
médico simpático. A participação especial da vez (que só se tornou especial
mesmo depois de "Matrix") fica por conta de Lawrence Fishburne (não
esqueçamos que ele já havia estado em “Apocalypse Now” em um papel importante).
Todos os personagens principais são destaque por ganhar a empatia do espectador
e demonstrarem química entre si, principalmente Nancy, Kristen e Neil – e isso
é MUITO importante para nos colocar dentro da trama.
Se o
roteiro apresenta algumas sacadas inteligentes, Chuck Russel dirige o filme de
uma forma bastante divertida e alucinada com "aquele" clima B. As
sequências de sonhos são perfeitamente fundidas à realidade (como no 1º filme)
e são levadas como uma aventura no nível de "A História Sem Fim" de
terror, onde cada passo tem uma armadilha, algo inesperado (portas bizarras que
levam a lugares completamente estranhos e desconhecidos, Freddy Krueger se
fantasiando para enganar as vítimas, mortes inesperadas e de forma mais
criativas possíveis). Muito desse tom fantasioso envolvente vem da direção de
arte inspirada (que cria vários cenários estilizados como um beco sombrio, um túnel
deserto, uma casa decrépita, a até o sanatório que se transforma em um
labirinto mórbido que tem portas que levam a escadarias e corredores TENSOS e
culminam em um inferno particular de Krueger). Chuck também realiza uma cena
divertida que parece uma fusão de "Christine - O Carro Assassino" e
"A Casa dos Mau Espíritos"; usa um pouco do nostálgico stop-motion e
trás de volta a trilha sonora empolgante do 1º filme juntamente com um Hard
Rock nostálgico (a canção tema do filme é “Dream Warriors” de Dokken).
Aqui, as
mortes começam a ficar mais variadas e criativas possível (mesmo que tenham
menos sangue) mostrando o quanto Freddy pode brincar com as suas vítimas. Vale
tudo aqui, um Freddy réptil que parece aquela bruxa velha/demônio de "Uma
Noite Alucinante 2", seringas com drogas no lugar dos dedos, brincar de
marionetes com os nervos e tendões de uma das vítimas (a melhor morte na minha
opinião) e um clímax bacana numa casa que lembra aquela casa do garotinho que
vivia num desenho animado do fantástico "No Limite da Realidade". E
se no 1º filme tinha homenagem à "Evil Dead", nesse tem homenagem a
um B/trash/oitentista da infância de muitos: "Criaturas" (um
"Gremlins" genérico, ma não menos divertido). E é nesse filme que
Freddy solta "Bem-Vinda ao Horário Nobre Vadia!"
Além
disso, "Os Guerreiros dos Sonhos", envolve o espectador em uma
atmosfera fantasiosa, também, por demonstrar as fantasias particulares de cada
personagem dentro dos sonhos: tem a filha do Bruce Lee (!), uma punk saída
direto do 80's "The Wraith", uma versão desbocada do Fanático do
"X-Men", um mago que parece um personagem do filme "Krull"
e assim por diante. Isso deixa o espírito aventuresco do filme mais
atmosférico.
Russel e
Darabont podem ter esquecido o lado mais maléfico de Krueger, mas souberam
divertir bastante com um Freddy que mais parece uma versão mais psicopata do
Jareth de "Labirinto - A Magia do Tempo". Clássico da infância,é um
filme oitentista de alma aventureira empolgante. E no próximo isso seria
elevado à enésima potência.
A Hora do Pesadelo 4 – O Mestre
dos Sonhos (A Nightmare on Elm Street 4 - The Dream Master, 1988) de Renny
Harlin
Visto que “Os Guerreiros dos Sonhos” arrebentou nas bilheterias (a maior
da série, até então) e estabeleceu um novo padrão de estilo para a franquia –
que substitua um vilão misterioso e ameaçador por uma série de sonhos
aventurescos com ritmo alucinante e sombrio, os espertos produtores fizeram uma sequência logo um ano depois (e ao
contrário de joças como "Halloween 5 – A Vingança de Michael Myers" e
"Sexta-Feira 13 - Parte 5: Um Novo Começo", que também foram feitas
no prazo de um ano, “O Mestre dos Sonhos” é MUITO bem produzido). Sendo que,
desta vez eles priorizaram o que mais havia sido bem sucedido no
"Guerreiro dos Sonhos", a aventura alucinada. Esse 4º pesadelo é
totalmente alucinado, o clima jovem New Wave/Kitsch dá um tom estiloso e nostálgico
ao filme, e as músicas Hard Rock e as baladas pops acompanham tudo com um clima
de empolgação constante. O clímax viajante do filme anterior é levado à enésima
potência nesse aqui.
Kristen,
Joey e Kincaid votam aqui para dar uma boa continuidade à série. Porém morrem
logo no começo, e Kristen passa seu poder, de chamar as pessoas para seus
sonhos, para Alice (a heroína da vez), que além desse poder também acumula as
características de seus amigos mortos durante o filme (como se fosse um
Highlander). Renny Harlin (que oscila entre filmes horríveis - "O
Pacto", "O Exorcista: O Início" - filmes bons - "Do Fundo
do Mar", "Caçadores de Mentes" - e cults memoráveis - "Duro
de Matar 2", "Risco Total") realiza um de seus filmes com mais
ritmo. Reparem nas movimentações de câmera circulares e que movimentam os
cenários, além de plano plongés e dos zooms, que faz tudo ficar mais alucinado
e fluido. Reparem como só com um plano plongé e um movimento rotativo, Harlin
consegue denotar agonia e incômodo na cena do último sono de Kristen; ou como
só com o uso de pintura do cenário e zoom reverso ele consegue imprimir
vulnerabilidade e claustrofobia à cena da prova de física. Juntamente com a
direção, a direção de arte dá um banho de criatividade, o jogo fantástico de
cores fortes (como em "Assassinos por Natureza"), a estilização dos
quartos dos personagens e dos locais dos sonhos (a casa de Nancy parece aquela
casa assombrada de "A Noite dos Demônios"; a igreja do final do filme
é a estilização 80's do que restou da igreja do fim de "Hellraiser
3"; e tem até uma lanchonete à la "De Volta Para o Futuro").
O
EXCELENTE trabalho de design de produção, além de maquiagem e feitos, do filme
fica ainda mais evidente nas cenas de sonhos: Freddy é ressucitado no melhor
estilo "Hellraiser"; uma homenagem à "Tubarão", uma morte
de sugar vidas que lembra "Força Sinistra" e até a cena nojenta da
barata (que lembra os melhores momentos de “A Mosca”). Mas os sonhos memoráveis
não são só mérito da direção de arte, Harlin consegue dar o tom de desesperança
e bizarrice para cada momento: reparem na cena inquietante de repetição que nos
deixa muito nervosos (como em “À Beira da Loucura”). Como destaque ainda e a
morte de Freedy aqui é BIZARRÍSSIMA e lembra o fim de “Evil Dead”. Tudo é
fotografado com um ar de fábula e aventura que nos faz empolgar e vibrar cada
vez que Freddy aparece de novo na tela.
A trilha
sonora é um caso a parte, arrasa em todas as suas canções - com destaque para a
balada sexy de Tuesday Knight nos créditos iniciais; a vibrante "Anything,
Anything", e a balada romântica "Love Kills". Lógico que isso
tudo tornou o filme mais comercial, mas as músicas ajudam bastante no clima
divertido (reparem na trilha rock'n'roll da cena que Alice se prepara para
combater Freddy Krueger - e é tão empolgante ver isso quanto ver os Irmãos Frog
se preparando para matar os vampiros em "Os Garotos Perdidos"). E
também a trilha incidental volta com as músicas do 1º filme.
Mas o
filme não possui só bons momentos. Em algumas passagens, Harlin ultrapassa o
bom senso entre a realidade e o mundo sonhos (como as janelas da escola
arrebentando ou a cena do cinema). Há outros momentos de mortes bem
constrangedoras (o “Karatê Kid” do filme é risível) além de que os personagens
secundários não são nem um pouco empáticos. A verdade é que o filme começou a
ser rodado sem ter um roteiro finalizado, o que pode fica explícito no
desenvolvimento de personagens superficial.
No
conjunto da obra, não chega aos pés do clássico que é o primeiro filme
(principalmente pelo tom sério e imponente) e, mesmo em comparação com o filme
anterior, o filme não é tão orgânico (principalmente pela falta de empatia
maior com os personagens). Mas compensa como uma sucessão de sonhos onde Freddy
está mais criativo e cínico possível. Diversão descompromissada.
A Hora do Pesadelo 5 – O Maior Horror de Freddy (A Nightmare on Elm
Street 5 – The Dream Child, 1989) de Stephen Hopkins
Não sei por que o pessoal não gosta muito desse filme. Bom, depois da
frenética parte 4, o lado fantástico de Freddy estava a toda, e essa 5ª parte
não é uma das aventuras do nosso titio Krueger... e sim um filme de terror
mesmo (que desde a 2ª parte não se via). Se na 2ª parte Freddy está com o "Lado Negro da Força"
dominando-o como nunca, e no 4º filme ele veio como um verdadeiro Jareth from
hell (pausa para reverenciar David Bowie); aqui Freddy chega com o seu lado
gótico e dark mais forte do que nunca (e faz até pose de Nosferatu). Tudo bem
que as mortes desse filme abusam do lado fantasioso, mas o filme é levado por
Stephen Hopkins (do divertido "Predador 2" e do ruim "A Colheita
do Mal") como um sombrio retorno de Freddy Krueger à ativa.
Trazendo
de volta a heroína mais LINDA da série, Alice (Lisa Wilcox), esse 5º filme
conta com uma volta original de Freddy Krueger - no filme Alice engravida de
Danny (ambos sobreviventes do filme anterior) o que para Freddy Krueger é uma
forma de "reencarnar" (como o que ele tentou fazer com Jesse no 2º
filme e em "Jason Vai para o Inferno"). Com essa premissa, o roteiro
faz uma eficiente correlação com a gravidez de Amanda Krueger - e ela participa
desse filme como uma antítese da Sra. Voorhess. Além disso, há menos
personagens nesse filme, e isso dá espaço para cada um deles crescerem na tela:
Greta (Erika Anderson - que fez um soft porn do nível "Cine Privê"
nos anos 90 chamado "Perigosa Obssessão") encanta com sua humildade e
determinação (com uma mãe daquelas é difícil ter qualquer uma dessas
qualidades); Yvonne (Kelly Jo Minter, aquela garota super barbeira do clássico
da Sessão da Tarde "Curso de Verão") nos convence de sua preocupação
e falta de compreensão em relação à Alice; já Mark (Joe Seely) é um ponto
negativo - não dá pra levar aquele cara à sério...
É legal
ver a continuidade com o filme anterior, apesar de Alice não ter seu poder
Highlander mais (algo que nunca é explicado), sua relação com seu pai é tratada
de maneira bacana e o fato de Freddy só poder matar pelos sonhos dela (e no
caso aqui, do bebê também) é respeitada. Além disso, nesse filme eles têm maior
disponibilidade de nos mostrar a verdadeira origem de Freddy Krueger (ou você
pensou que ele era realmente filho de Alice Cooper?). Já os vislumbres do filho
de Alice são MUITO bizarros (aquele garotinho é estranho no nível Halley Joel
Osment de bizarrice); sem contar aquele bebê Freddy Krueger que parece um
filhotinho de Alien...
E se os personagens têm características bem marcantes, a direção de arte dá um
show como no filme anterior: reparem como o quarto de Greta é cheio de bonecas
nos remetendo à perfeição que sua mãe a impõe; ou o quarto de Mark que é todo
colorido e cheio de desenhos, livros e gibis - o que nos convence de sua grande
criatividade e imaginação. O jantar de Greta, aliás, traz um design que é
incrivelmente perturbador e inquietante (e essa cena é uma das mais nojentas da
série). E claro que não podemos esquecer o castelo gótico de Freddy nesse
filme, que une o porão do sanatório de "Hellraiser II", as torres
obscuras do castelo de Drácula em "Drácula de Bram Stoker" e as
escadarias desconexas e que não respeitam a lei da gravidade (assim como as do
clímax de "Labirinto - A Magia do Tempo”).
Alice
volta aqui mais corajosa que no filme anterior (pontos para Lisa Wilcox - e
dessa vez não tem cena de preparação de luta à la Rambo que funcionou muito bem
no clima do filme anterior). Stephen Hopkins sabe usá-la bem nas cenas dos
sonhos e respeita o amadurecimento da personagem desde o filme anterior (em
momento algum ela aparece assustada e insegura). Hopkins filma com uma
intensidade bem mais contida que Harlin, o que é necessário de acordo com a
intenção do filme, mas não deixa de colocar um entusiasmo em nas horas certas -
como na morte da motocicleta (que tem efeitos mecatrônicos excelentes) e também
no clímax final (que tem até uma separação de corpos no estilo "Uma Noite
Alucinante 3"). Fora que a trilha sonora dá um tom assustador durante todo
o filme (apesar de sumir com o tema principal da série) - e por que "Bring
Your Daughter to the Slaughter" do master Bruce Dickinson não toca no
filme? Imperdoável...
O grande
erro desse filme é justamente o que deveria ter sido a melhor parte: as mortes.
Somente a morte do corpo de um personagem fundindo a uma motocicleta é
climática, as outras duas, a cena do jantar e o herói de revista em quadrinhos,
não têm nada a ver com a atmosfera gótica do filme e parecem completamente
deslocadas.
A
maquiagem continua excelente como de costume e a fotografia não fez todo o jogo
de cores psicodélico do filme anterior, apostando em uma paleta mais pastel e
monocromática que denota o clima gótico. Esse filme teve metade da bilheteria
anterior e fez a série votar ao nível aventuresco no próximo filme.
O Pesadelo Final – A Morte de
Freddy Krueger (Freddy’s Dead: The Final Nightmare, 1991) de Rachel Talalay
A sexta parte da saga de Freddy Krueger é, indubitavelmente, a PIOR!
Juntando-se o roteiro mais mal escrito e preguiçoso de toda a série, com a
direção mais medíocre e inexperiente (Talalay atira para todos os lados) e
MUITOS atores ruins, “O Pesadelo Final” é difícil de assistir até o final.
E
mais uma vez, pra mim, o filme só se mantém como um exercício de nostalgia.
A premissa básica é até interessante e induz MUITAS possibilidades diferentes:
Springwood teve todos os seus jovens dizimados por Freddy Krueger, a cidade
vive como uma cidade fantasma. Quando o último jovem de lá, John Doe, consegue
sair, ele é direcionado para um abrigo e encontra uma psicóloga chamada Maggie,
que o leva de volta para Springwood – já que John perdeu a memória e estava com
uma reportagem de jornal sobre Springwood no bolso. Mas tudo isso poderia ser
um plano para Freddy voltar à ativa.
O roteiro
é TÃO estúpido que nem nome ele fornece aos personagens direito: John Doe é,
justamente “João Ninguém”, sem falar do “Doc” que nunca ficamos sabendo o nome.
E como são personagens extremamente superficiais, nem de nome precisam. A
psicóloga interpretada por Lisa Zane é a mais incompetente e irresponsável que
já vi (deixa seus pacientes deliquentes andarem à esmo no seu carro em uma
cidade desconhecida mesmo depois de eles tentarem uma fuga, fora que suas
terapias são somente perguntar, por cima, “o que você se lembra?”). Os jovens
que servem de vítimas para Freddy são os estereótipos dos traumatizados na
infância (o latino engraçadinho abusado pela mãe, a garota valentona abusada
pelo pai, o playboy rebelde que não quer ser igual ao pai), e tudo é TÃO
exagerado que se torna tolo (diferente da inteligência e comedimento do
primeiro filme). O roteiro desperdiça e estraga até as oportunidades boas que
tem: a Springwood pós-apocalíptica é atmosférica mas MUITO irreal (afinal, todo
esse tempo se passou e ninguém de fora foi lá avaliar a situação? Ninguém
percebeu a histeria em massa dos adultos?). É irritante ver os personagens
chegando em Springwood, ver toda aquela maluquice e não terem nenhuma reação,
não acharem aquilo estranho – fora que arrombam uma casa com facilidade só para
dormir ... E porque Maggie e John começam a buscar informações sobre Freddy sem
mais nem menos? Afinal, John havia perdido a memória e nenhum dos dois sabia
sobre Freddy! E é MUITA coincidência John acabar logo no abrigo de Maggie...
Enfim, é um roteiro tão esburacado e mal escrito que é MUITO difícil levar à
sério e não cair na comédia involuntária. Sem contar a origem do poder de
Freddy (explicada porcamente e sem nenhuma credibilidade que chega a ser pior
que “Jason Vai para o Inferno – A Última Sexta-Feira”), e os diálogos
vergonhosos (inclusive incluindo Freddy explicando detalhadamente seus planos).
Mas se o
roteiro é PÉSSIMO, a direção não fica atrás. Rachel Talalay, que foi produtora
dos filmes anteriores da franquia, não sabe o estilo que emprega: uma hora
coloca a câmera na mão para dar um ar de nervosismo e urgência (sem sucesso),
depois coloca a câmera subjetiva, depois faz uns travellings (bregas até falar
chega, como no confronto entre Maggie e Freddy). Durante todo momento ela quer
fazer invencionismos que deixam o filme mais difícil de assistir. Mas o pior é
o abuso do tom cartunesco (esse é o filme mais INFANTIL e comediado de Freddy).
O único momento que revela alguma tensão e boa direção é o sonho de Carlos (que
faz bom uso do design de som e da morte), o resto é INSUPORTAVELMENTE
engraçadinho. É como se fosse Freddy fosse um personagem de Chuck Jones (desenhista
que criou desenhos do “Tom & Jerry” e “Looney Tunnes”) - ele faz caretas
atrás das vítimas, elas rolam por barrancos enormes, caem de pára-quedas, casas
voam, Freddy se veste de bruxa e voa numa vassoura, dinamites explodem, há
camas de pregos, Freddy joga videogame (na cena mais RIDÍCULA da franquia)...
enfim, é algo surreal de tão ruim e desrespeitoso com o personagem mórbido,
cínico, violento e enigmático do primeiro filme. Mesmo na parte 4 (que era a
mais “aventuresca”) Freddy, mesmo fazendo graça, conseguia ser violento e
bizarro (vide a cena da barata e o sugar da alma).
Até mesmo o design de produção (que sempre foi bem produzido e estiloso em
todos os filmes (fantasmagórico, realista mas com detalhes surreais nos dois
primeiros; fantasioso e sombrio no terceiro; alucinante e psicodélico no
quarto; e gótico psicodélico no quinto) aqui é uma bagunça: Springwood é suja,
deserta e nada mais; o abrigo é exageradamente pobre e pilhado, até a casa de
Nancy é apenas uma casa velha e nem um pouco sombria como nos filmes anteriores
- e nenhum ambiente parece ser real, todos são MUITO artificiais.
Com
MUITAS atuações ruins (Lisa Zane é um destaque negativo – EXTREMAMENTE apática
e inexpressiva), “O Pesadelo Final – A Morte de Freddy Krueger” terminaria
franquia de PÉSSIMO modo, mas, ainda bem, que Wes Craven retornou e criou o
inteligentíssimo “O Novo Pesadelo”.
O Novo Pesadelo – O Retorno de
Freddy Krueger (Wes Craven’s New Nightmare, 1994) de Wes Craven
Depois de terem avacalhado bonito com Freddy na 6ª parte, só mesmo seu
criador para trazê-lo de volta aos eixos. Wes Craven triunfa aqui, não faz seu
melhor filme (o 1º pesadelo é antológico),
mas sim seu filme mais inteligente (e não me espantei ao ver que Craven era
formado em filosofia). Esse filme não é apenas um filme de Fred Krueger, e sim
um filme sobre o poder de filmes de horror e os bastidores de Hollywood, sendo
que Craven cria um jogo de espelhos entre atores e personagens, ficção e
realidade tão interessante que a verdadeira estrela aqui é a narrativa de
Craven (você nunca sabe o que virá a seguir), Freddy é apenas a cereja do bolo.
E Craven se saiu tão bem aqui que fez o mesmo em "Pânico 2" (não tão
profundamente, mas mesmo assim MUITO bacana) e em "Pânico 3" (desta
vez ele foi sabotado pelo roteiro ruim, e o negócio desandou).
Craven
traz Fred Kruger de volta como uma antiga e poderosa entidade maléfica que
ressurgiu com a criação do 1º filme da franquia - ela vive da morte de
inocentes. Enquanto a série seguia seu curso ela estava presa aos filmes, porém
com a morte de Freddy no filme anterior ela se libertou e passou para a nossa
realidade (bizarro). No filme, Wes Craven (ele mesmo) está tendo pesadelos com
isso e começa a escrever o roteiro para um novo filme de Freddy, sendo que
Heather Langenkamp (que se mostra nesse filme ser igual vinho, pois 10 anos
mais velha ela está MUITO mais linda que no 1º filme), que interpretou Nancy no
1º filme, está sendo atormentada por essa entidade, assim como Dylan (seu
filho, Miko Hughes – o TRAUMATIZANTE Cage de “Cemitério Maldito”) - e quanto
mais o filme passa, mais atores e produtores do 1º filme vão interagindo e se
confundindo aos seus papéis e mais a coisa rola de maneira alucinada. É como se
os personagens estivessem no cinema do fantástico "Demons -Filhos das
Trevas" e estivessem vendo "A Hora do Pesadelo".
O roteiro
de Craven é TÃO inteligente que consegue nos surpreender pelas situações
interessantes e complexas de confusão entre criadores e personagens até o
último segundo (literalmente). Desde o início em um set de “A Hora do Pesadelo”
(que homenageia o filme original e serve à introdução na atmosfera
metalingüística da narrativa) até o clímax que cria uma rima com o ato final do
primeiro filme (além de servir à ascensão do Freddy atual, criar uma atmosfera
de homenagem e horror MAGNÍFICA e aprofundar na complexidade da trama), Craven
consegue criar várias situações que discutem o poder de uma narrativa
cinematográfica na vida real e como histórias podem ter interpretações diferentes
em cada pessoa – fora o uso de experiência e histórias anteriores para
interpretar novas situações (como a reinterpretação BRILHANTE de “João e Maria”
na mente de Dylan). Além disso, Craven mimetiza VÁRIAS passagens memoráveis do
primeiro filme de maneira orgânica (não somente como curiosidade) – como a cena
inicial, o “passe”, o enterro, a morte de um personagem que se assemelha à
morte de Tina no primeiro filme, a participação de Lin Shaye e até o último
diálogo entre John Saxon e Heather. Tudo abusa de uma metalinguagem FANTÁSTICA
para aprofundar a trama da entidade e servir como reflexo das memórias de
Heather – e o fato de ela ser o fator que atrapalha o Freddy atual é uma rima
com o primeiro filme (já que ela foi a primeira a derrotá-lo).
Além de Craven e Langenkamp, quem também dá as caras aqui é John Saxon (o pai
de Nancy) - que brilha em sua última cena no filme; Robert Shaye (o produtor de
toda a franquia) que aqui faz o verdadeiro papel de produtor mesmo, só pensando
em dinheiro; Nick Corry (o Rod) e Tuesday Knight (a Kristen da parte 4)
aparecem rapidamente; e claro Robert Englund - e seria MUITO bacana vê-lo
contracenando com Fred nesse filme, o que infelizmente não acontece (o que é
certo pela lógica do filme) - e seria muito legal ver Johnny Depp aqui (que só
não foi chamado porque Craven achou que ele não aceitaria, o que Depp confirmou
ser um palpite errado).
Langenkamp
aparece muito mais madura nesse filme, e com mais competência também, e
consegue o difícil serviço de separar Nancy de si mesma – reparem na expressão
discreta e GENIAL de preocupação ao encarar a câmera do talk show após ela
revelar o nome do filho e temer que algo de mal possa acontecer com ele. A
verdade é que ela leva o filme todo consigo mesma (assim como John Cusack em
"1408") e não deixa o ritmo cair hora nenhuma. Miko Hughes está bem
num papel difícil para uma criança. Já as cenas de Craven, Saxon, Englund e
Shaye não se tornam falsas hora nenhuma (graças ao empenho dos mesmos).
A direção
de Craven está EXTREMAMENTE inspirada (e é MUITO estranho ver como Craven
dirige filme INTELIGENTÍSSIMO como esse aqui e depois criar “obras” como “Um
Vampiro no Brooklyn”). O filme mantém o ritmo constante de paranóia e loucura –
Craven consegue nos convencer da espiral insana que Heather e Dylan caem
(imprimindo urgência nas cenas do hospital); e cria pequenos momentos doces que
demonstram a preocupação (palpável) de Heather por Dylan. As cenas de horror
também são bem coreografadas e editadas (a cena da fusão entre o diálogo de
Heather e John e a saída de Freddy é ESPETACULAR – além de remeter a uma
continuidade admirável com o local de morte de Freddy no primeiro filme).
Craven também é inteligente em pequenos detalhes – reparem como Dylan usa a
história de “João e Maria” para atrair sua mãe para o local onde está, e o que
ele utiliza no lugar de migalhas de pão (pílulas para dormir)... BRILHANTE!
Fora que até o design da produção serve como meio narrativo – o templo de
Freddy no fim revela muito sobre suas origens ao mesmo tempo que, remete ao
local do primeiro filme e demonstra a interpretação de Dylan sobre os fatos.
E Freddy,
bem, volta diretamente às suas origens - assustador demais e muito imponente.
Seu físico nunca esteve tão ameaçador - e até sua maquiagem meio diferenciada
ajuda no horror que seu personagem encarna aqui. O Fred mais assustador ainda é
o do 2º filme, mas esse aqui e o do 1º exalam maldade suficiente para nos meter
muito medo. A trilha sonora deste aqui é a mais grandiosa de toda a série,
porém a modernização do tema central de Fred ficou muito ruinzinha. O filme
conta com uma quantidade necessária de violência que não se torna exagerada em
momento algum, e cenas de pesadelos aqui são mais discretas e sem toda a pompa
dos filmes anteriores (menos a angustiante cena do "Freddy nas
nuvens").
Complexo,
profundo, envolvente e inteligente como um filme de terror dificilmente é, mas
deveria ser, “O Novo Pesadelo” encerrou a franquia de modo respeitoso e digno,
sendo, sem dúvida, a melhor sequência (com certeza, o filme mais inteligente)
da franquia. Renegado quando foi lançado nos cinemas, apesar de respeitado pela
crítica, é um dos melhores filmes de terror do início dos anos 90.