terça-feira, 20 de novembro de 2012

ESPECIAL SEXTA-FEIRA 13, por Guilherme Dias Araujo


Conteúdo feito por: Guilherme Dias Araujo



Retrospectiva “Sexta-Feira 13”


Quem nunca ouvir falar de Jason Vorhees? Quem não tem guardado na memória a imagem de um grandalhão com macacão escuro, máscara de hóquei suja e um facão ensanguentado na mão?
Mesmo a molecada dessa geração dos anos 2000, pode não ter visto algum filme “clássico” da franquia (já que é provável que tenham visto a insossa refilmagem enlatada de Michael Bay), mas, com certeza, conhece o estigma de Jason e das fatídicas “Sexta-Feira 13”, quando um assassino mascarado implacável persegue jovens drogados, bêbados e tarados pelas florestas de Crystal Lake.

“Sexta-Feira 13” foi um ENORME sucesso comercial, e teve infindáveis continuações, apesar de críticas negativas (o que hoje seria equivalente a irregular franquia “Jogos Mortais” hoje em dia). Criando um vilão que ficaria imortalizado para sempre no cinema, “Sexta-Feira 13” é uma franquia MUITO divertida, principalmente para os cinéfilos que adoram filmes de terror, como eu, e também para os saudosistas dos anos 80.

Assim como outras grandes franquias, como a do espião James Bond, “007”, Jason foi atravessando os filmes encarnando caracterizações e desventuras diferentes em tom e atmosfera: enquanto os dois primeiros filmes são slashers sérios e tentam criar alguma história, as partes 3 e 4 são apenas exercícios estilísticos, mas pelo menos continham direção inspirada, diferente do quinto filme que quis criar uma “reviravolta” completamente despudorada em seu tom mirabolante risível. Enquanto no sexto filme a auto-paródia divertia com insights inteligentes (como “A Hora do Espanto” de Tom Holland ou “A Volta dos Mortos Vivos” de Dan O’Bannon), todas as outras sequencias posteriores apostaram em conceitos inesperados, e exagerados, para sair do marasmo: como uma versão de “Carrie, a Estranha” VS. Jason, uma viagem por Nova York, uma origem sobrenatural e demoníaca para Jason, um embate com, também emblemático, Freddy Krueger, e até uma viagem pelo espaço sideral (!). Sim... a franquia é uma curtição insana para quem gosta do gênero e tem a mente aberta para ver o filme como um retrato de sua época e tirar proveito dos momentos “vergonha alheia” de filmes ruins, mas que tentam implementar um pouco de criatividade surtada.   

Não que os filmes sejam grandes obras-primas, nem o primeiro filme, que é o melhor, é uma obra-prima, nem dentro do gênero do terror. A questão de toda sua importância é por, juntamente com “Halloween”, firmar um novo subgênero para os filmes de terror, o slasher. Não que eles sejam os primeiros, já que “Psicose” de Alfred Hitchcock, “Banho de Sangue” de Mario Bava e “Dementia 13” de Francis Ford Copolla (sim, o mesmo Copolla de “O Poderoso Chefão”) já demonstravam o estilo do subgênero, que depois foi mais trabalhado com “O Massacre da Serra Elétrica”, de Tobe Hooper, e “Noite do Terror”, de Bob Clark (o mesmo que fez o nostálgico “Porky’s – A Casa do Amor e do Riso”). Porém, “Halloween” foi o primeiro a estabelecer as “regras” dos slashers e ganhar o imaginário popular pelo estrondoso sucesso. Já “Sexta-Feira 13” veio firmar, de vez, o filão desse estilo de terror.

A verdade é que, “Sexta-Feira 13” é SIM, uma franquia que ajudou a redefinir o cinema de horror, além de ser importante, financeiramente, para o gênero na época; afinal, cinema também é uma indústria.

Então, pra quem viveu nos anos 80 e acompanhou os lançamentos desses filmes no cinema; ou para quem passou a infância tentando alugar os filmes do Jason nas locadoras de VHS e assistia as esteias dos filmes na “Tela Quente”; ou para quem tentava ficar acordado para assistir as reprises dos filmes no “Tv Terror”; ou se alegrava quando em uma sexta-feira o SBT passava “Jason Vai para o Inferno” na “Tela de Sucessos”... enfim, mesmo que você não conheça os filmes do Jason, acompanhem essa retrospectiva e se divirta com uma franquia histórica do cinema de terror.

1º Sexta-Feira 13 (Friday, the 13th, 1980) de Sean S. Cunningham
  


Com o sucesso surpreendente de "Halloween - A Noite do Terror", os produtores de cinema viram que o que renderia no mercado cinematográfico seria um slasher (o mesmo que aconteceu nos anos 90, após o lançamento do ótimo "Pânico"). Victor Miller estudou a fundo todos os aspectos mais interessantes de "Halloween" (que por sua vez trazia traços do CLÁSSICO “Psicose”, do assustador “Noite do Terror” de Bob Clark e do cult “Dementia 13” de Francis Ford Copolla) e criou um roteiro que hoje é um amontoado de clichês, mas que na época eram regras para esses filmes. Sean S. Cunnigham dirigiu o filme independentemente (com baixíssimo orçamento) mas com muita inspiração. Os atores eram estreantes e praticamente amadores e a trama um tanto ilógica. Ninguém imaginava que esse modesto filme de terror faria tanto sucesso, gerasse um personagem icônico na cultura pop e permanecesse tanto tempo no imaginaria popular (até mais que o filme que o inspirou).

Victor Miller pode ser uma roteirista sem imaginação, mas ele tem uma grande percepção e capacidade de interpretação. Ele soube reconhecer que slashers tem um mal antigo (a morte de Jason), protagonistas virginais (Alice) que sobrevivem bastante tempo, coadjuvantes promíscuos (Kevin Bacon e sua parceira) que morrem rapidamente, um assassino misterioso que não morre nunca - como se fossem Higlanders (a identidade só é revelada no final), e sempre, SEMPRE, um susto final (uma das melhores cenas do filme). Remendando tudo isso com altas doses de sangue (em mortes criativas), muita correria, sexo (em todos os filmes da série há uma cena de sexo) e sustos. Simples assim.

Mas esse roteiro nunca teria dado certo sem uma direção certeira como a de Sean S. Cunnigham. O produtor do divertido "A Casa do Espanto" e diretor de "Abismo do Terror" mantém o mistério durante todo o filme e joga a violência na tela de repente (isso também graças à edição). Fazendo enquadramentos assustadores (como a cena onde Alice corre no meio da imensidão da floresta e se perde na escuridão - como em uma cena similar de "The Evil Dead"), usando bem os cenários (como nas cenas onde mostra os personagens dentro da cabana no meio da chuva, dando a impressão de que não há escapatória) e gerando tensão com movimentação de personagens simples (como a morte no campo de arco & flecha) ele brinca com a imaginação do espectador (principalmente por tornar o assassino tão misterioso e imprevisível), deixando todas as cenas com um espera de surpresa (um exemplo disso é a angustiante cena em que Alice faz um simples café - quem viu vai entender).

As cenas de morte alternam entre cenas em off e completamente expositivas, sendo que em hora nenhuma elas se tornam apelativas, conseguindo chocar e não ser ofensivas (como a cena da machadada ou da garganta cortada). Além disso, a decisão de mostrar apenas os movimentos das "ferramentas" do assassino e utilizar a câmera subjetiva para mostrar suas observações, torna-o mais imponente e perigoso ainda (como também foi MUITO BEM feito em "Halloween").


Como eu já havia dito, os atores estavam MUITO canastras, porém, tudo isso adiciona ao filme um charme divertido meio debochado (como se fosse tudo uma grande brincadeira levada a sério dos atores). Mas generalizar é bobagem, Betsy Palmer está completamente insana em seu papel e consegue impor perigo (similar ao assassino de "Dia dos Namorados Macabro"); Adrienne King torna Alice relativamente simpática (mesmo que bastante burra); já Kevin Bacon não tem nada a fazer com seu papel de garoto libertino (muito diferente do filinho-de-papai que havia interpretado anteriormente em "Clube dos Cafajestes").

Além da ótima direção, um dos pontos mais positivos da fita é a maquiagem. Feito pelo mestre Tom Savini (que já havia mostrado seu talento na obra-prima "Despertar dos Mortos", e mais tarde como diretor no inesquecível "A Noite dos Mortos-Vivos" de 1990), a maquiagem realmente é realista, tornando as mortes completamente plausíveis (a macabra espetada no pescoço que o diga). Ele consegue tornar até os momentos mais ilógicos do filme (como o susto final) em algo com uma maquiagem detalhista e interessante de se ver. Além desse aspecto técnico, merece também destaque a ambientação do filme - o acampamento é desolador e tem uma geografia em meio á mata isoladamente assustadora - com detalhes ainda mais arrepiantes (como o banheiro escuro e cheio de reentrâncias) e as cabanas de madeira abandonadas. Tudo isso torna o filme com uma atmosfera muito NOSTÁLGICA!

Como já dito, a revelação final do filme é interessante mas um tanto absurda, principalmente por não termos pistas sobre o que está por vir. O susto final realmente nos pega de jeito, já a trilha sonora cria um clima perturbador invejável inspirado nop tema IMORTAL que Bernard Herman fez para "Psicose" (o "kill kill kill mom mom mom mom" foi um toque de gênio).


Tudo isso, torna "Sexta-Feira 13" um clássico slasher que iniciou com tudo uma série que divertiu toda uma geração.

2º Sexta-Feira 13 - Parte 2 (Friday, the 13th - Part II, 1981) de Steve Miner


“Sexta-Feira 13 – Parte 2” é uma sequência que ousou e foi na contramão das regras das sequências de filmes slashers: ao invés “dar um jeito” de ressuscitar o assassino do filme anterior e apenas catalogar as mortes da franquia, o filme tenta estender sua “mitologia”, que mesmo um pouco absurda no conceito, calca muito de suas características com realismo...além, é claro, de continuar MUITO BEM o suspense e as cenas de morte criativas do primeiro filme.

O roteiro deste capítulo é o mais criativo da série. Ele não ressuscita o assassino do original, cria outro; não mata todos os seus coadjuvantes; explica o destino do(a)(s) sobrevivente(s) do filme anterior; e "humaniza" (na medida do possível) seu vilão - algo que se perdeu nas demais sequências. Além disso, cria uma das protagonistas mais simpáticas da saga: Ginny (Amy Steel, de "A Noite das Brincadeiras Mortais"), divertida e intensa (o ato final demonstra isso), é a melhor scream-queen da série; e é uma pena não ter retornado.

Jason debuta em seu melhor estilo, tão misterioso quanto o Harry Warden de “Dia dos Namorados Macabro” e imbatível quanto o Crospy de “The Burning – Chamas da Morte”, o mesmo se torna nesse filme um personagem muito interessante e, por incrível que pareça, crível (e a cena em que Ginny analisa Jason pode até apostar para a psicologia barata, mas não deixa de ser pouco relevante). Isto por causa de detalhes impostos pelo esperto roteiro: um barraco bizarro com caracterização realista, repugnante e amedrontadora, uma versão mais grotesca da "relíquia" de família de Norman Bates, caracterização comum (blusão xadrez e macacão) e um simples saco de pano tapando o rosto (me perdoem os adoradores da máscara de hóquei, mas a versão mais assustadora de Jason é esta). Deste modo, Jason contrapõe totalmente a aura sobrenatural de "bicho papão" que John Carpenter brilhantemente impôs ao seu Michael Myers; porém mantém toda sua magnitude.

A direção do filme aposta bastante na câmera subjetiva e na elegância de destacar detalhes: prestem atenção no sufocante plano de Jason ameaçando Vickie com uma faca ou no foco em seu braço tentando agarrar Ginny em determinada cena. Além disso, a calmaria com que Steve Miner (que também dirigiu o primeiro "A Casa do Espanto" e "Halloween H20 - 20 Anos Depois") filma certas cenas eleva a tensão a um nível poderoso (a cena inicial na casa de Alice é angustiante). Outro fator que auxilia na atmosfera de medo e clima de terror é a ambientação do filme – novamente na mata opressora ao redor do Lago Crystal – com uma mata densa, pequenas estradas de terra misteriosas e escuridão aflitiva que intensifica a ÓTIMA perseguição de Jason e Ginny no ato final; além da presença palpável do estigma macabro do “Acampamento Sangrento”

As mortes são bacanas, perdem pela falta da maquiagem de Tom Savini e por alguns erros técnicos (o facão se encontra quase sempre ao contrário !!!!!) - mas são impactantes no seu modo de execução

Todos esses pontos tornam "Sexta-Feira 13 - Parte II" um filme slasher NOSTÁLGICO, como todos da franquia. Uma sequência que honra o original e chega ao mesmo nível.

3º Sexta-Feira 13 - Parte 3 (Friday, the 13th - Part 3, 1982) de Steve Miner




Com a pouca bilheteria da segunda parte da série (praticamente metade da bilheteria do original),os produtores espertos resolveram lançar este filme em 3D (moda nos filmes de terror da época, como "Amityville 3D - O Demônio" e "Tubarão 3D"). Isso resolveu a situação financeira, já que esta 3ª parte arrecadou tanto dinheiro quanto a primeira. Porém não foi só nisso que fizeram algo mais comercial, o próprio roteiro se esquece de contar alguma estória e nos entrega apenas um festival de mortes (muito diferente de seus predecessores). Porém, Steve Miner fez a diferença...

Iniciando o filme com umas das cenas finais do anterior (só pra passar algo assustador antes dos créditos iniciais); o roteiro deste é o que serviu de base para TODAS as outras sequências: o assassino não morreu e escolherá alguma propriedade nos arredores de Crystal Lake para passar o tempo testando o gume de seu facão com os jovens imbecis que vão nadar pelados. Nem personagens minimamente simpáticos os dois roteiristas conseguem criar (mais uma vez diferente dos filmes anteriores). Dana Kimmell tem a proeza de ser a scream-queen mais gostosa e desejável da série (e seus gritinhos são inconfundíveis), mas só se sai bem em momentos de terror. Rick, o galã, é sofrível (reparem na sua ridícula atuação na cena em que encontra seu fusca com o pára-brisa quebrado). Já os coadjuvantes são uma piada à parte: logo no início há uma versão americana da Dona Florinda; depois aparecem dois hippies saídos direto do clássico "Hair"; três rebeldes que pensam que estão no filme "Warriors - Os Selvagens da Noite"; uma versão melodramática e gordinha do Duck de "A Garota de Rosa-Shocking" e por aí vai...


Como já disse, a direção de Steve Miner é decisiva para o filme. Assim como Rob Schmidt em "Pânico na Floresta", ele leva as situações de terror com uma calma sufocante até chegar a um clímax (deixa o personagem ir descobrindo coisas do cenário, olhando a paisagem suspeito, coloca a sombra e/ou rastros do assassino sempre à mostra... sempre mantendo o espectador atento ao que vai acontecer em seguida). Além disso, as cenas de perseguição que ele comanda nesse filme são as melhores da série - o ato final, em especial, nos surpreende pelo pique de Chris (não é à toa que é a filha de Chuck Norris em "McQuade, O Lobo Solitário"), por toda a coreografia que usa ao máximo os cenários, e um Jason animalesco e frenético (e Steve Miner usa bem isso, pois sempre enquadra a vítima à frente e um Jason rápido atrás, levando ao limite de tensão).
Já Jason é uma história à parte nesse filme. Se no anterior ele era uma pessoa "real", nesse ele se transforma, de uma hora pra outra, em um Highlander do mal. Cadê seu cabelo e sua barba pra fazer? Cadê sua roupa xadrez (que até então, no dia anterior, ele estava)? Cadê seu barraco e os restos "Bates" da família? Nada é explicado. Pelo menos ele continua tão assustador quanto no filme anterior e, é nesse filme, que ele encontra sua imortal máscara de hóquei! Além disso, nesse filme há mais variedades nos tipos mortes cometidas por ele (e uma alta dose de violência).

Somando à boa direção e ao imbatível Jason, a locação também é destaque (para mim, a melhor da série). Uma fazenda pequena com uma cabana de madeira escura e um porão que lembra bastante o da cabana de "The Evil Dead"; uma vegetação imponente por toda a volta; um lago Crystal que nunca esteve tão obscuro; um seleiro que nos faz lembrar de "Grito de Horror"; e uma ventania assustadora (usando muito bem também em "O Enigma de Outro Mundo"). A trilha sonora continua os temas de suspense dos filmes anteriores que bebem da fonte do tema da “cena do chuveiro” de “Psicose”; com exceção apenas do tema principal, que diverte pela forma que mistura música de filme pornô barato dos anos 70 com temas de filmes trash de alienígenas dos anos 50 (!).


Com um final misterioso e pessimista (assim como o da 2ª parte), e que faz uma rima bacana com o do 1º filme; esse 3º é bastante divertido em sua proposta e também merece ser visto.

4º Sexta-Feira 13 - Capítulo Final (Friday the 13th - The Final Chapter, 1984) de Joseph Zito


Com o enorme sucesso da 3ª parte é lógico que os produtores não parariam por aí. Daí resolveram lançar esse que seria o "Capítulo Final" da saga; mas é lógico que era só marketing, pois se o filme rendesse (e foi o mais rentável da série) fariam mais e mais seqüências (e, talvez, o equivalente à franquia “Sexta-Feira 13” hoje seja a franquia “Jogos Mortais” - que de BOM MESMO, só tiveram o 1 e o 2). Esse é o último filme realmente bom da fase "misteriosa" de Jason (quando os diretores ainda mantinham mistério em relação a mostrar o rosto do assassino e o apresentavam quase como uma entidade maligna - assim como nos dois primeiros "A Hora do Pesadelo" - o que deixa o filme com um charme todo especial).

Nesse quarto filme, que é considerado por muitos fãs como o melhor da série, a estória é a mesma do anterior, ou seja, o “roteiro” se limita a um amontoado de adolescentes loucos sedentos por sexo morrendo, um a um, de forma estilizada no exagero e divertida pelo nosso amigo Jason! 


O mais estranho é que as 2ª, 3ª e 4ª partes acontecem em dias seguidos e nenhum policial fica fazendo vigília ou ronda nas florestas ao redor de Crystal Lake, nenhum morador resolve sair das florestas depois de tantos assassinatos e saber que há um assassino solto por aí... mas são buracos no roteiro que até dá pra relevar, pois não tira a diversão (assim com os amontoados de carros que ninguém nunca viu em "Pânico na Floresta" ou "Viagem Maldita" ou a rua sem movimento nenhum de "Halloween"); diferente de roteiros que são uma própria cratera colossal como o novo "A Morte Convida Para Dançar".

Se não inova na narrativa, pelo menos o novo roteiro entrega personagens imortais da série: Jimmy "Jimbo" é um dos mais simpáticos e divertidos, graças a Crispin Glover (o eterno George McFly das Sessões da Tarde de antigamente) que sabe como ninguém interpretar um legítimo nerd com problemas sexuais (e a sua versão de dança do acasalamento é impagável). Também está presente o cara bobalhão de “O Último Americano Virgem”, Lawrence Monoson, repetindo as piadas de sexo que fez naquele Cult dos anos 80. Já o outro grande destaque do filme é ninguém menos que o grande rival de Jason Voorhess: Tommy Jarvis (o ídolo dos anos 80 Corey Feldman: o Bocão de "Os Goonies", o Teddy Duchamp de "Conta Comigo", o Edgard Frog de "Os Garotos Perdidos" e tantos ouros personagens inesquecíveis de sua filmografia), que apesar da pouca idade dá um cacete do caralho em Jason. Mas quem rouba o filme mesmo é "gordinha hippie caroneira que gosta de banana" (!) ... a coitada não tem a oportunidade nem de terminar de saborear sua vitaminada fruta rica em potássio e é brutalmente assassinada por Jason. Com essa participação fenomenal, ela fica ao lado de Crazy Ralph (dos 1º e 2º filme) e da "Dona Florinda genérica" (do 3º) como os coadjuvantes mais hilários da franquia. O resto é o de sempre... com destaque para o desfile de gostosas que o filme nos brinda.

Aliás, esse é o "Sexta-Feira 13" que mais tem mulher pelada e sexo, é um verdadeiro festival de peitos e bundas que faria inveja aos "clássicos" soft porns da "Emanuelle" que são reprisados exaustivamente no "Cine Pivê" (que, aliás, passava em sessão dupla com o "Cine Sinistro" na Band sábados à noite), em certas cenas até dá pra achar que estamos vendo um "Porky's", "A Vingança dos Nerds" ou "A Última Festa de Solteiro"!!!

O nível de mulheres peladas na série é diretamente proporcional ao nível de violência. Tom Savini tem um retorno triunfal à série (ele é responsável pela melhor maquiagem de toda a saga). Embora o filme tenha muitas mortes, ele vai mais pro lado da tensão do que pra correria. Joseph Zito (que dirigiu um dos melhores slashers dos 80's "Quem Matou Rosemary") dá uma sofisticada no filme e usa truques de filmagem muito bons (as câmeras lenta são elegantes, a imagem subjetiva dá um suspense à mais, o uso da luz em contraste - com um raio e um projetor de filmes - é muito bem usada, assim como o escuro - na cena do porão e das mortes no lago); além disso, é nesse filme que o Rock'n'Roll é introduzido na série (com a ótima "Love is A Lie").


Mais uma vez, o fim do filme deixa um mistério no ar e, coincidências à parte, é MUITO parecido com o fim de "Halloween 4 - O Retorno de Michael Myers" (que foi lançado anos depois); "aquele" olhar é de arrepiar qualquer um.


Com este filme, a série termina com os seus bons filmes "sérios" (já que o 6º é ótimo justamente por apelar para a auto-paródia). Pois, não é à toa que os produtores da refilmagem espalhem que os 4 filmes iniciais da série foram o subsídio para a produção; foi a melhor fase de nosso saudoso Jason...

5º Sexta-Feira 13 – Parte 5: Um Novo Começo (Friday the 13th - Part V: A New Beginning, 1985) de Danny Steinmann


TUDO, absolutamente, TUDO nesse quinto capítulo da franquia de terror de Jason Vorhees é MUITO RUIM.

A começar pelo roteiro, ou melhor, a falta de roteiro. Eu não consigo imaginar que foram necessárias TRÊS pessoas para escrever uma “história” tão patética quanto desse filme. Aliás, histó

ria é o que não tem aqui, é somente um apanhado de 22 cenas de mortes, mal feitas e sem nenhuma criatividade, de personagens antipáticos, burros e superficiais com somente uma linha de diálogo cada... sério, a cada 10 minutos entra um personagem novo trama só para morre daqui há 5 minutos da forma mais mal feita possível. Não há nenhuma inovação ou tentativa de fazer algo diferente do que já havíamos visto nos filmes anteriores (com exceção da ESTÚPIDA revelação final que abusa da nossa inteligência e paciência...é ver pra crer).

Não estou falando que o roteiro dos filmes anteriores eram exemplares, pelo contrário. Se os dois filmes anteriores da franquia (“Parte 3” e “Capítulo Final”) também não inovavam em nada no modo de contar as matanças de Jason, pelo menos continham uma direção TENSA no terceiro e ESTILOSA no quarto, além de uma ambientação ATERRADORA que contribuíam muito para a atmosfera de terror e mortes imaginativas após perseguições muito bem coreografadas para gerar suspense e divertimento. Aqui, o diretor Steinmann filma tudo com um estilo que beira o amadorístico, não consegue criar suspense nenhum (reparem na PÉSSIMA câmera subjetiva que AINDA tenta, sem efeitos, criar algum suspense, e nos enquadramentos deselegantes que cria para tentar assustar - como os detalhes das mãos com a faca ou os pés do assassino). Steinmann não tem criatividade para criar as mortes exageradas e divertidas dos anteriores e não tem mão firme para criar tensão em NENHUMA CENA (TODAS seguem a mesma regra: primeiro câmera subjetiva, depois, detalhe de alguma parte do corpo do assassino, por último, o golpe na vítima, daí então, ele mostra as expressões de morte dos RIDÍCULOS atores), É insuportável ver a incapacidade do cara de nos divertir com um assassino do cinema tão icônico quanto Jason. O cara é TÃO ruim de serviço que o máximo de perseguição que ele consegue criar é mostrar os personagens correndo, SOZINHOS, na floresta chuvosa, daí acham um carro e BAM, Jason aparece atrás do carro; os personagens voltam correndo, SOZINHOS, pelo mesmo caminho e voltam para o local de onde saíram... que saudade de Seve Miner para colocar sua inventividade como fez no terceiro ato de "Sexta-Feira 13 - Parte III".

Une-se a isso a PÉSSIMA maquiagem do filme – realmente AMADORA, já que se limita a ser poças de sangue falso, digna de vergonha alheia – e as atuações constrangedoras, não somente culpa dos atores, porque os personagens são as criaturas mais imbecis que eu já tive o desprazer de assistir em algum filme. Nenhum personagem aqui consegue ter a empatia da trupe de monitores do primeiro filme, ou a Ginny do segundo filme e muito menos o Jim e o Tommy Jarvis do quarto capítulo. Aliás, tentaram emular a presença de uma criança engraçadinha mas corajosa de novo aqui, e se saíram TERRIVELMENTE mal - aquele garoto, Shavar Ross, é PÉSSIMO!

Broxante do início ao fim e, disparado, o pior filme da franquia (o sexto tem um clima de auto-paródia MUITO divertido e do “Parte 7” até “Jason X”, pelo menos, tentaram usar a imaginação para criar personagens e situações diferentes para a franquia), esse é um dos piores filmes que você poderá ver em toda a sua vida.


A cereja do bolo da ruindade desse filme é a RIDÍCULA revelação final, digna daquelas novelas mexicanas chulas e absurdas que inundam o SBT. Seria mais aceitável se eles seguissem o tradicional (ressuscitar o Jason) do que tentarem inovar as coisas de forma escabrosa na estupidez como fizeram aqui.


Até mesmo a refilmagem produzida por Michael Bay é mais divertida...SÉRIO!

6º Sexta-Feira 13 - Parte 6: Jason Vive (Friday, the 13th - Part VI: Jason Lives, 1986) de Tom Mcloughlin




Tom McLoughlin é um cara muito esperto! Ele viu (e quem não viu?) que a fracassada 5ª parte da saga de Jason havia estragado todo o clima de mistério em cima do personagem (graças a um diretor inútil, um roteiro amador, personagens irritantes ... enfim, o filme todo é uma catástrofe). Além disso, na época, já haviam sido lançados vários filmes de terror com um clima tipicamente B de auto-paródia (como os impagáveis "A Volta dos Mortos-Vivos", "A Hora do Espanto", "Gremlins", "A Coisa", "A Noite dos Arrepios" e vários outros). Desta forma, McLoughlin criou um dos melhores roteiros da série e dirigiu o filme de uma forma bastante criativa - apelando sempre para algumas piadas sobre si mesmo e dos fãs da franquia e trazendo de volta o básico “slasher de acampamento” dos primeiros filmes subvertendo totalmente suas intenções.

Neste filme (que brilhantemente ignora a 5ª parte), Tommy Jarvis retorna à série e procura por Jason para cremá-lo e dar fim aos seus pesadelos, porém, todavia, entretanto... Jason é reanimado por um raio (em uma homenagem divertida a “Frankenstein”) e volta a matar todo mundo em Crystal Lake (que hoje se chama Forrest Green - uma tentativa que os moradores fizeram para tentar esquecer os crimes cometidos ali - ideia aproveitada em "Freddy Vs. Jason"). É lógico que Tommy não iria deixar barato, e tenta a todo custo parar seu inimigo.


À partir desse filme, Jason finalmente vira um ser sobrenatural assumido e começa a aparecer o tempo todo e mata como nunca fez antes, curto e grosso; além de que, neste filme ele usa bastante as mãos para matar, e menos ferramentas (com direito a coração arrancado do peito, cabeça girando em 360º - Regan ficaria com inveja - e sendo arrancada, cabeça esmagada, espinha quebrada etc). McLoughlin, desde o início da filme, firma sua ideia de zumbificação do Jason, afinal, estamos em campo de fantasia e não dá mais pra levar o Jason à sério como uma pessoa normal.

Mcloughlin reconhece que não pode se levar à sério, e foi o que faltou com todos os outros diretores à partir dessa seqüência. Sabe tão bem quanto Dan O'Bannon ("A Volta dos Mortos-Vivos") se manter na linha entre o horror e a comédia, não pulando para o escracho em momento algum (o que foi o grande problema do irregular "A Volta dos Mortos-Vivos 2"). Ele cria tanto cenas com muita tensão (como as cenas noturnas do acampamento e a cena final no lago) quanto momentos com um humor bacana (a paródia de "007", a cena do "O que você ia ser quando crescer?" e até a cena do fusca na estrada Cunnigham); e a cena que funde as duas coisas perfeitamente é a antológica cena do trailer.


É muito bacana, também, como o roteiro de Mcloughlin volta a ambientação para o acampamento à beira do Lago Crystal, como a floresta densa ao redor com muita neblina, a ventania opressora e as cabanas de madeira clássicas em que Jason ficam espreitando para atacar o próximo monitor.

Tom Mathews cria uma quase caricatura divertida como Tommy – e é interessante que ele também esteja lutando contra zumbis em “A Volta dos Mortos Vivos”. Jennifer Cooke, além de linda, cria uma scream-queen espirituosa e com um humor sarcástico que cria uma interação divertida com o espectador. Já o resto está bem, sem exceção (destaque para Martin, O Coveiro; que vai direto para a galeria de coadjuvantes hilários). Outro ponto positivo é que os personagens em geral fogem um pouco dos clichês pesados dos slashers, e pela primeira vez vemos crianças no Acampamento Crystal Lake (já era hora, pois o acampamento já estava parecendo a iniciação sexual de Jonathan no clássico dos 80's "A Primeira Transa de Jonathan", sempre quase estréia, mas nunca chega lá).

O filme tem boa maquiagem e bons efeitos especiais. A trilha sonora - composta pelo mestre Alice Cooper (o eterno pai de Freddy Krueger) - é FODA, com direito a muito Rock'n'Roll 80’s. A conclusão de Jason é a mais criativa de toda a série!
No ponto que a franquia já tinha chegado, McLoughlin fez o melhor que deveria ser feito, rir de si mesmo e apelar para mais exagero e referências. Um dos mais divertidos da série!

7º Sexta-Feira 13 – Parte 7: A Matança Continua (Friday, the 13th - Part VII: The New Blood, 1988) de John Carl Buechler




A “Parte 7” da saga de carnificina do nosso amigo Jason foi uma das primeiras que eu vi quando ainda era um pivete descobrindo os filmes de terror. Por conta disso eu tenho uma memória afetiva muito grande pelo filme, porém, isso não quer dizer que não consiga enxergar as VÁRIAS falhas do filme.

Apesar de não ser tão divertido quanto os quatro primeiros capítulos, ou muito menos ter o clima descontraído de “terrir” do sexto capítulo, “A Matança Continua” apresenta o MELHOR Jason da toda a série: Kane Hodder. Hodder cria a caracterização CLÁSSICA de Jason e que seria lembrada com carinhos pelos fãs. Hodder realmente fica imponente e assustador com seu tipo físico bruto, seu caminhar lento mas implacável, ofegação profunda e força implacável nos momentos de matança. Além disso, a maquiagem de caracterização do Jason está FANTÁSTICA aqui – demonstrando, com muitos detalhes, o corpo decrépito e esfacelado do Jason como um verdadeiro morto-vivo em decomposição.

Outros pontos positivos do filme se relacionam à boa ambientação de Crystal Lake – que está muito obscura e atmosférica; e as cenas de morte exageradas divertidas que mostra Jason usando o máximo possível de ferramentas para matar os jovens que vão acampar em Crystal Lake (facão, pua, serra circular, martelo, pregos etc). O diretor Buechler até que consegue criar algum suspense e filmar as mortes de forma climática (como os momentos finais na cabana onde está tendo uma festa ou a cena do acampamento, que seria homenageado em "Jason X"), mas não exibe a desenvoltura de Mcloughlin do filme anterior.

Já a trama da garota telecinética é MUITO forçada e desenvolvida de forma muito rasa e tola – por um acaso algum telecinético é capaz de ressuscitar um morto como Tina faz aqui? Mas pelo menos eles tentaram trazer um adversário “sobrenatural” para duelar com Jason, e é divertido ver a luta de Tina com Jason, praticamente um “Carrie, a Estranha” versus Jason – ainda que Buechler não tenha aproveitado todo o potencial da situação.

No mais, o filme continua sendo o emaranhado de mortes como os outros filmes da franquia, sendo que aqui, os personagens são (QUASE) tão ridículos quanto os do quinto filme. Você nem se lembra o nome de nenhum personagem enquanto está assistindo e as dinâmicas entre eles são patéticas...mas, afinal, quem sou eu pra exigir complexidade e desenvolvimento de personagens em um filme chamado “Sexta-Feira 13 – Parte 7: A Matança Continua”?

Não tão bacana quanto os primeiros filmes da série, mas divertido em sua proposta, a sétima parte da saga de Jason entrega justamente o que promete: um Jason insuperável matando jovens burros das formas mais criativas e exageradas possíveis!

8º Sexta-Feira 13 - Parte 8: Jason Ataca Nova York (Friday, the 13th - Part VIII: Jason Takes Manhattan, 1989) de Rob Hedden




Assim como no filme anterior, “Jason Ataca Nova York” tem uma premissa divertida e criativa para sair da mesmice da série: levar Jason para perseguir vítimas na “Big Apple”! Mas o erro aqui também é o mesmo do filme anterior: ter um roteiro chulo com personagens INCRIVELMENTE burros interpretados por atores extremamente apáticos e inexpressivos e, principalmente, não explorar o máximo que a situação poderia render.

Aliás, o título do filme é uma propaganda enganosa, pois Jason só chega a Nova York nos últimos 25 minutos de filme e, mesmo assim, gasta a maioria do tempo no cais e quase não vai a lugares movimentados e pontos turísticos da cidade, como o World Trade Center, o Empire State Building, a Estátua da Liberdade. O máximo que o filme mostra é Jason perseguindo suas vítimas rapidamente pela Time Square... o trailer do filme se apresentava muito mais divertido que o filme em si, já que mostrava um homem parrudo olhando para Manhathan, com "New York, New York" de fundo, que, quando se revela ser Jason, vários cenas vão sendo mostradas de pessoas características da cidade aterrorizadas (inclusive um dono de barraquinha de cachorro quente e um mendigo...hehehe), a tagline era: “Nova York tem um novo problema”.

E isso não é culpa de Hedden, já que ele havia escrito cenas mais elaboradas no roteiro original, mas teve que cortar por conta da pouca verba que tinha disponível. Apesar disso, Hedden aproveita os espaços mais sujos e asquerosos de Nova York: os becos cheios de lixo e nebulosos, gangues punk, lanchonetes baratas, mendigos, os metrôs, lajes de prédios e outros. A boa fotografia escura e que usa muito bem as sombras e alguns tons de cores fortes, acentua toda a maldade e malícia implícita nesses locais da cidade grande.


No resto do filme vemos Jason atacar num navio que leva estudantes de Crystal Lake para Nova York, e Hedden segue a cartilha de mortes exageradas dos filmes anteriores. Mas aqui, Hedden abusa MUITO da inteligência do espectador, mesmo para o padrão de exageros da franquia (que eram relevadas pelo caráter sobrenatural de Jason); Hedden apela para situações muito forçadas e, no mínimo, implausíveis: como o garoto do início do filme consegue uma máscara IDÊNTICA a de Jason dos filmes anteriores (com a mesma sujeira e rachaduras)? Como o barco de Crystal Lake chegou ao oceano? Como Jason consegue chegar de um navio em naufrágio no meio do oceano até Nova York? Como ele consegue encontrar suas vítimas específicas do navio numa cidade como Nova York? Porque ele só mata aquelas pessoas e não todas que vê pela frente? Afinal, por que Jason resolveu sair de Crystal Lake, já que o mito de seu retorno é justamente para punir as pessoas que entram em seu território? Enfim...é um desfile de asneiras levadas a sério que poderiam ter ficado muito melhor se Hedden inserisse o senso de humor sarcástico de “Jason Vive”.

Os níveis de atuação aqui vão do ruim ao SOFRÍVEL, mesmo para o nível da série. A scream-queen da vez, Rennie (que lembra muito Charlize Theron), está muito apagada e sem a intensidade necessária para criar empatia. Porém, Kane Hodder continua com uma imponência em cena invejável, o seu Jason continua como sendo o mais memorável. A maquiagem, por outro lado, é PÉSSIMA, uma das piores de toda a franquia (reparem na diferença de core textura do rosto do Jason jovem).

Vale apena como curiosidade de ver Jason se aventurando na cidade grande, principalmente para os fãs nostálgicos. No mais, poderia ter ficado BEM MELHOR!

9º Jason Vai para o Inferno – A Última Sexta-Feira (Jason Goes to Hell - The Final Friday, 1993) de Adam Marcus






Juntamente com o “Capítulo Final” e “A Matança Continua”, “Jason Vai para o Inferno” foi um dos longas da franquia que mais me marcou na infância, logo depois viria a “Parte 2” e “Parte 3”. Foi o primeiro filme do nosso amigo Jason que assisti, já que era um dos únicos que eu consegui alugar na locadora de VHS (e da "Parte 2" até "Jason Ataca Nova York" passavam constantemente no "TV Terror" da Rede Tv) então, eu tenho um carinho especial pelo filme, pura nostalgia. 

Apesar disso, eu não posso negar que o filme seja uma REVIRAVOLTA perigosa na mitologia da série, que, para muitos fãs que já estavam acostumados com o Jason serial killer, tiveram que engolir uma origem demoníaca para sua verve, envolvendo um demônio-verme que possui seres humanos, poderes sobrenaturais, segredos de família e até o Necronomicon (!).

Se eu já fosse acostumado com o Jason clássico eu também teria estranhado, e muito, o nível de pirações desse filme, mas, após algum tempo, percebe-se que os realizadores tentaram inovar numa franquia que já estava defasada; e mesmo que suas idéias não se adaptem tão bem ao que já havia sido mostrado, elas não deixam de ser originais, criativas e muito DIVERTIDAS! 

O diretor Adam Marcus confere muito ritmo ao filme, ele manipula as cenas e os ângulos de câmera para sempre darem uma conotação de ação incessante e não nos deixa de empolgar (como as transições fluidas da cena da delegacia, da lanchonete até a casa dos Vorhees), além disso, ele confere muito estilo a algumas cenas: como a sequência de ataque à lanchonete em câmera lenta, as cenas à contra luz e a abertura que homenageia com MUITA ATMOSFERA os primeiros filmes da franquia – aliás, a abertura desse filme é uma das cenas mais DIVERTIDAS e MEMORÁVEIS de toda a franquia (ver Jason caindo em uma armadilha da SWAT e sendo alvejado e explodido após perseguir uma garota nua que estava sozinha em uma cabana de Crystal Lake é GENIAL).

Kane Hodder continua MUITO BEM como Jason, mas aparece muito pouco, quem ver o filme vai entender. Outro personagem que nunca me esqueci é o legista grandalhão que parece o Mike Tyson, além do ÓTIMO personagem Creighton Duke (um caçador de recompensas com passado nebuloso e um ar cínico divertido, deveria ter sido melhor aproveitado no filme). Para compensar o filme anterior, a maquiagem aqui é feita pela excelente “KNGB” e é a MELHOR DA FRANQUIA, aliás, é o filme com mais gore, violência e nojeira de todos os “Sexta-Feira 13”. Marcus ainda brinca com nossa paixão pelo cinema de horror ao incluir referências a filme como “Halloween” (a questão dos irmãos), “The Hidden – O Escondido” (o verme demoníaco que passa de boca a boca), “Creepshow” (com a caixa bisonha no porão da casa Vorhees) e “Evil Dead” (o Necronomicon).

Outro ponto positivo aqui são os atores, que, apesar de não terem personagens bem desenvolvidos (afinal, esse é um filme de “Sexta-Feira 13”) pelo menos exibem carisma e intensidade para que torçamos para eles – muito diferente dos últimos filmes da franquia.

Sendo um dos mais odiados da série, e eu não culpo quem odeia, “Jason Vai para o Inferno” é um filme que me diverte pelo potencial fantasioso e imaginativo da história, além de ter valor sentimental.

Afinal, se você já viu Jason sendo ressuscitado como “Frankenstein”, confrontar “Carrie, a Estranha” e viajar para Nova York, você pode até se diverte em ver essa fantasia bizarra sobre a origem do nosso “anti-herói”.

10º Jason X (Jason X, 2001) de Jim Isaac


Dessa vez eles se superaram: se levar Jason para o Inferno no capítulo anterior não fosse o bastante, e capaz de o Diabo ter expulsado Jason de lá, pois estava dizimando a população do Inferno; Jason agora é capturado, é motivo de estudo em um laboratório de ciências biológicas em Crystal Lake, é congelado e depois descongelado 500 anos depois em uma nave espacial tripulada por estudantes interessados na antiga Terra (sim, ele foi destruída...mas não é explicado como) em direção à “Terra 2”... Meu Deus, o nível de piração dos argumentadores da franquia não tem limites. Mas, afinal, se Pinhead foi para o espaço em “Hellraiser 4: Herança Maldita”, o Leprechuam  foi para o espaço em “O Duende 4” e até a saudosa Emanuelle foi para o espaço ensinar os prazeres do sexo para alienígenas (sim, é isso mesmo que vocês leram) em “Emanuelle no Espaço”, porque Jason não poderia?

Embora eu não seja tão fã desse filme como sou de outras sequências odiadas por meio mundo de fãs, como “A Matança Continua” e “Jason Vai para o Inferno”, “Jason X” até que consegue me divertir com sua criatividade. O roteiro é praticamente uma versão trash de “Alien - O Oitavo Passageiro”, e ele até homenageia certos momentos e personagens desse clássico filme (principalmente a questão de haver uma criatura assassina na nave e os tripulantes terem que armar estratégias e planos para tentar capturá-la e/ou matá-la). Além de Kane Hodder voltar a impor respeito como Jason, aqui eles está mais imbatível do que nunca; e a brincadeira recorrente com sua imortalidade é levada como alívio cômico bizarro – lembrando os momentos engraçados de “Jason Vive”. As cenas de morte aqui são BASTANTE “diversificadas” e violentas, do jeito que nenhum fã pode botar defeito (inclusive há uma longa cena onde soldados vão tentar matar Jason por alguns locais da nave, que se torna divertida pelo modo como Isaac filma a caçada como se fosse um jogo de Jason matando o máximo de pessoas possíveis sempre).

Em relação aos personagens, é a inexpressividade e os clichês de sempre (não dá pra levar nenhum daqueles garotos a sério no modo como tentam se fingir de cientistas inteligentes e experientes). Como destaque, há só uma andróide modificada especialmente para ser uma lutadora parruda no melhor estilo “Sarah Connor e Ellen Ripley encontram Lara Croft” – a cena que ela dá uma sura na Jason é IMPAGÁVEL (sem contar o figurino sadomasoquista sexy que melhor, e muito, a experiência dos espectadores homens heterossexuais)!

E se a matança aqui não deixa a desejar, o aparecimento do “Jason X” é até um pouco decepcionante, aparece muito rápido e não faz nada além do que o Jason tradicional faz. Ainda que sua caracterização seja até divertida (em alguns momentos parece um vilão dos "Power Rangers"), o roteiro não explora todas as possibilidades possíveis de modificar as habilidades desse novo Jason - e é engraçado como a melhor cena dele é justamente em uma realidade alternativa onde ele é transportado para o Crystal Lake dos anos 80 (com direito a garotas bebendo, fumando maconha e ficando nuas).

Com atmosfera e espírito de filme B trash divertido e que não se leva à sério, “Jason X” merece ser visto como curiosidade mórbida, mas nada dúvida, fique sempre com o clássico!

11º Freddy Vs. Jason (Fredy Vs. Jason, 2003) de Ronny Yu




Um dos maiores sonhos dos fãs de filmes de terror, principalmente daqueles que acompanharam os filmes slashers dos anos 80 e 90, havia sido indicado na cena final de “Jason Vai para o Inferno”, que conseguiu atiçar a imaginação de todos. Somente 10 anos depois que o encontro desses mitos do horror se realizaria, e de forma MUITO divertida ao assumir o tom exagerado, fantasioso e absurdo da premissa com tom auto-paródico e com referências aos filmes anteriores de forma orgânica.

O maior mérito do filme foi ter sido comandado pelo insano Ronny Yu, que já havia comprovado ter mão boa para dosar perfeitamente o gore e as situações engraçadas em "A Noiva de Chucky". O roteiro de Damian Shanom e Mark Swift traz DIVERSAS referências aos antigos filmes das duas franquias para misturar os dois personagens de modo divertido e convincente dentro do universo dos dois - a restrospectiva da saga de Freddy (só faltou a do Jason), a introdução de Jason na trama perseguindo uma garota nua apor Crystal Lake, os pesadelos de Freddy pela siderúrgica, a taciturna matança desenfreada de Jason, Westin Hills, a Sra. Vorhees, o Hypnocil - enfim, tudo é orgânico ao filme e ainda lembra mortes, situações, objetos de cena e diálogos semelhantes aos filmes antigos. Um roteiro divertido e que demonstra que conhece a mitologia de cada um e mistura de forma criativa e divertida - o estopim do encontro dos dois é muito bacana por usar elementos dos filmes antigos e realmente ter um senso naquele universo absurdo.

Apesar de o filme ter um clima mais "A Hora do Pesadelo" (isso fica claro desde o começo), é Jason quem mata geral aqui. Além disso, Yu é inteligente ao criar enquadramentos exagerados - reparem no plano plongé de uma garota tomando banho, fotografia com filtros de cores fortes (azul, vermelho, verde) e movimentações de câmeras que extrapolam o mundo real da narrativa para um clima fantasioso macabro (reparem no fluxo de quadros durante a rave no milharal para sempre acentuar os golpes de Jason).

Yu não apela nenhum pouco para o maniqueísmo no duelo entre os dois vilões, ele não cria situações que nos façam torcer para um personagem ou outro, o valor afetivo de cada fã que comanda o show. É um alívio que Yu não tenha levado o filme tão à sério eusa, principalmente o personagem de Freddy, para criar o humor satírico e necessário para a diversão extrapolada do filme – a cena do “A culpa não é minha se ela não se mexe!” é o destaque!

Além disso, Yu imprime uma energia INTENSA por todo o filme - a sequência de abertura (que recapitula a saga de Freddy e coloca Jason em ação como nos tempos clássicos), a festa rave no milharal – caótica e violenta num dos melhores ataques de Jason, e o clímax do filme em Crystal Lake – quando, finalmente, as duas lendas do terror BOTAM PRA QUEBRAR são os pontos altos! Muito disso vem da caracterização soturna: Crystal Lake com florestas densas, obscuras e enevoadas e uma Elm Street quase fantasmagórica.

A maquiagem do filme é EXCELENTE e cria um gore, principalmente na luta final, IMPRESSIONANTE e digno dos personagens. Já a fotografia do filme usa MUTO cores fortes e calorosas para nos imergir na mesma intensidade que a direção dinâmica de Yu.

Robert Englund faz o que sabe fazer de melhor com Freddy, e é um pena que Kane Hodder não tenha retornado, apesar de Ken Kenzinger fazer um bom trabalho. Já em relação ao resto dos personagens, os roteiristas brincam com os clichês das duas franquias, e os atores, apesar de não se destacarem, pelo menos divertem nos momentos em que discutem a lógica, ou falta de, da situação.

Quem é fã de alguma, ou das duas, franquias vai se esbaldar. Quem não é, pode se divertir MUITO também.

12º “Sexta-Feira 13” (Friday, The 13th, 2009) de Marcus Nispel




Desnecessário. Nenhuma palavra é melhor para definir essa refilmagem da mesma safra dos enlatados de Michael Bay: que inclui os, também, desnecessários, “O Massacre da Serra Elétrica”, “Horror em Amityville”, “A Morte Pede Carona”, “A Hora do Pesadelo”. A verdade é que a produtora de Michael Bay faz refilmagens desrespeitosas ao filme original que só visam o lucro, diferentes de refilmagens do passado, como “A Mosca” de David Cronenberg, “O Enigma de Outro Mundo” de John Carpenter, “A Bolha Assassina” de Chuck Russel e até o recente “Viagem Maldita” de Alexandre Aja, que procuram trazer o que há de bom do original e MELHORAR o que havia de ruim, tornando-se MUITO superiores aos originais.

Aqui, os roteirista Mark Swfit e Damian Shannon (os mesmo que escreveram o bacana “Freddy Vs. Jason”) conseguem fazer algumas escolhas que deixam o filme mais rítmico e sintetizam alguns dos melhores momentos dos quatro primeiros filmes da franquia: introduzem a vingança da Sra. Vorhees rapidamente, voltam com o estigma do “Acampamento Sangrento”, trazem o casebre de Jason, a transição do saco na cabeça para a máscara e o uso de várias ferramentas diferentes. Além disso, eles exibem um bom tom de auto sátira ao implementar os personagens clichês de forma escancarada e sem pudores. Porém, o lado positivo é contrabalanceado pelos negativos: Jason é retratado, praticamente como um Rambo recluso, fugindo COMPLETAMENTE do maníaco mentalmente perturbado e animalesco dos quatro primeiros filmes e do zumbi bizarro e imbatível do sexto filme em diante. Além disso, a questão de Jason manter uma vítima em uma “prisão” domiciliar foge completamente da natureza do personagem (apesar de fazer alusão a um momento antológico do fim do segundo filme).

Mas se o roteiro tem altos e baixos na mesma proporção, a direção de Marcus Nispel (que já havia destruído “O Massacre da Serra Elétrica”) oferece muitos mais baixos que altos. Nispel leva o tom do filme à sério DEMAIS (reparem no uso trágico da trilha sonora nos momentos de terror ou na direção de atores que parecem estar em um “...E O Vento Levou”). Teria sido melhor se Nispel tivesse brincado mais com a mitologia da série e feito mais auto referências sarcásticas à mitologia da série, como Alejandre Aja fez no divertido “Piranha 3D”. A verdade é que não dá para levarmos Jason à sério desde 1986, após “Jason Vive”, então seria melhor apostar na estilização exagerada e fantasiosa de Ronny Yu em “Freddy Vs. Jason” do que manejar a câmera com ângulos que colocam Jason como um assassino sério e manejar a câmera com desorientamento para tentar dar frenesi e realismo a situações que já ficaram datadas desde 1984. Nispel deveria ter rido mais de si mesmo.

Além disso, a fotografia é escura demais, não conseguindo firmar uma atmosfera sinistra pelo exagero e não nos deixando olhar completamente o que está ocorrendo. O nível de violência do filme também é baixo e não faz jus ao exagero divertido da série. Como bons momentos, Nispel filma com diversão escancarada as cenas de nudez e sexo (deveria ter sido assim também no resto do filme), além de dar um ritmo bastante climático nas cenas pré-créditos.

Enfim, desnecessário e insosso, “Sexta-Feira 13” de 2009 não faz a homenagem devida à mitologia da franquia e não tem atmosfera o bastante para servir como filme único.




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