domingo, 2 de dezembro de 2012

ESPECIAL TRILOGIA TOY STORY, Guilherme Dias Araujo



                Conteúdo feito por Guilherme Dias Araujo



Toy Story - Um Mundo de Aventuras (Toy Story, 1995) de John Lasseter




O primeiro filme da Pixar continua emblemático e DIVERTIDO mesmo após quase 20 anos de seu lançamento. Não somente porque foi uma revolução em relação à animação e efeitos visuais, mas também porque tem uma narrativa charmosa e personagens carismáticos que nos remetem diretamente à nossa infância. Não é à toa que é uma das únicas animações presentes na lista de melhores filmes de todos os tempos da AFI.

Lasseter já começa bem ao iniciar o filme com uma brincadeira de criança que nos encanta por toda sua imaginação e criatividade: e isso nos transportar imediatamente para o universo do filme, um universo onde os brinquedos têm personalidade e sentimentos reais e que se devotam, completamente ao seu dono, já que seu maior prazer é servir para as brincadeiras dono...e essa premissa simples é tão inspirada e realizada de modo tão inteligente que é impossível não se sentir contagiado por sua ternura.
Lasseter é tão inteligente ao mostrar a dinâmica dos brinquedos, que utiliza a lógica de sentimentos humanos para permear aquele universo, vide a preocupação dos brinquedos com a chegada do aniversário de Andy, ou Natal, por saberem que ele, possivelmente, ganhará brinquedos novos, e melhores; a inveja do ex-brinquedo favorito com a chegada de um brinquedo melhor; e, principalmente, as missões realizadas pelos brinquedos com utilização da praticidade de cada um – e Lasseter esbalda criatividade aqui, já que usa bonecos soldados, walk-talkies, macacos-de-barril, carrinhos de controle remoto...enfim, vários utilitários diferentes para emular missões e ações humanos – e tudo é feito com uma inocência tão grande que remete àquilo que começamos vendo...uma brincadeira de criança.

Mas se o filme enche os olhos com as cores vibrantes e a interminável galeria de brinquedos hilários e divertidos (a trupe de brinquedos quebrados e remendados de Cid é INCRÍVEL no seu caráter imaginativo e prático, com detalhes que merecem aplausos), os protagonistas do filme: Woody e Buzz são MUITO bem desenvolvidos. Woody tem uma transição de personalidade muito digna, somos, desde o começo, alertas de sua preocupação com seus outros amigos brinquedos e entendemos o porquê de ele se sentir tão chateado quando Buzz chega, e após fazer um ato de maldade, acreditamos no seu arrependimento porque é palpável seu amor por Andy e sua vontade de voltar pra casa e...BRINCAR com ele. Já Buzz é MUITO ENGRAÇADO com sua crença de que é um verdadeiro guerreiro interestelar, e suas falas como se o quarto de Andy fosse outro planeta são hilárias. Mas o desenvolvimento de Buzz também é feito com sensibilidade e humor quando ele confronta a verdade e cai em crise existencial.



Lasseter ainda emociona ao mostrar os sentimentos puros dos brinquedos por seus companheiros e, principalmente, quando mostra um grupo de brinquedos quebrados que ajudam uns aos outros a se montarem novamente ou conseguindo novas peças – Lasseter nos consegue nos convencer de que, se os brinquedos nos servem para alegrar e divertir, porque não tratá-los com o devido respeito já que existem outras pessoas que não os possuem?

Além disso, Lasseter consegue criar cenas de ação muito excitantes na sua urgência e um clímax que leva a marca “James Cameron” ao criar cada vez mais situações difíceis que impedem os protagonistas de chegar ao seu destino.
Um filme adorável que iniciou uma trilogia com filmes cada vez mais emocionantes, divertidos e profundos. 
Clássico de toda uma geração!

Informações:http://www.imdb.com/title/tt0114709/
Nota IMDB: 8.3


Toy Story 2 (Toy Story 2, 1999) de John Lasseter



“Toy Story 2” é um exemplo de que, mesmo sendo feitas por interesse econômico, as sequências podem SIM ter uma continuidade coerente com o anterior e ainda serem mais inteligentes e profundas que seus antecessores – basta ter um roteirista criativo disposto a não repetir o que deu certo no filme anterior e arriscar engrandecer a mitologia daquele universo, e um diretor com coragem e responsabilidade para desenvolver os personagens com um ritmo contagiante.

Essa segunda aventura de Woody e Buzz é tudo isso e MUITO mais. Lasseter retorna a dinâmica dos brinquedos do filme anterior com segurança e ainda mais energia com um início que emula a brincadeira inocente do primeiro filme com o acréscimo da tecnologia dos novos tempos – além de ser inteligente ao atualizar o convívio daqueles personagens coerentemente com a conclusão do primeiro filme. Mas, além disso, Lasseter retorna às emoções e sentimentos humanos dos brinquedos do primeiro filme e vira de cabeça para baixo as nossas expectativas: Woody é obrigado a confrontar um sucesso que não sabia existir, Buzz deve lidar com a versão “paranóica” dele mesmo, e novos, e adoráveis, brinquedos são introduzidos, como a espirituosa e empolgada vaqueira Jessie e o ingênuo e carinhoso cavalo Bala-no-Alvo.



Mas Lasseter também não se esquece dos coadjuvantes do primeiro filme e os fornece mais tempo, e piadas, na tela – a trupe formada por Slinky, Sr. Cabeça de Batata, Rex e Porquinho é impagável!

E se Lasseter imprimi ainda mais emoção e cenas de aventura e ação nesse filme – como a sequência final cheia de novos perigos que nos deixa MUITO agoniado, e toda a busca dos brinquedos do Andy por Woody (incluindo a empolgante e hilária travessa à rua), principalmente pelo uso CRIATIVO dos movimentos de câmera e edição com ótimo timming para imprimir urgência e humor ao mesmo tempo. Lasseter merece ainda mais aplausos por inclui camadas profundas e complexas ao filme, numa ambição narrativa ainda MAIOR que no primeiro filme: como preconceito, rejeição, decepção das pessoas que amamos, força de vontade para continuar a lutar. É impressionante a carga emocional que os adultos, e também crianças, confrontam em “Toy Story 2”, sendo que NADA disso é feito de forma maniqueísta e são extremamente orgânicos e decisivos para a narrativa do filme – até mesmo o uso de canções é feito de modo inteligente e contribuinte para a história (como a DEVASTADORA canção de Jessie sobre sua dona).

Como já era de se esperar da Pixar, a técnica de animação e o nível de detalhes aqui é IMPRESSIONANTE – principalmente as texturas dos brinquedos, as características e expressões de cada personagem e os DESLUMBRANTES cenários – as esteiras de malas do aeroporto ao fim do filme é GENIAL e rivaliza com as esteiras de portas de “Monstros S.A.”. E tudo ainda é respeitoso com os traços e formas que já havíamos visto, e firmados, no primeiro filme.

Despontando com um dos MELHORES e mais adultos filmes da Pixar, não é a toa que “Toy Story 2” venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia do ano de 1999, é realmente um filme digno de ser lembrado e celebrado com carinho por respeitar a inteligência e emoções de adultos e crianças – assim como TODA a trilogia.

Informações:http://www.imdb.com/title/tt0120363/
Nota IMDB: 8.0


Toy Story 3 (Toy Story 3, 2010) de Lee Unkrich



É difícil falar de um filme tão MAGNÍFICO quanto a última aventura da trilogia de nossos amigos Woody, Buzz e sua turma. Além de Michael Arndt escrever o filme mais EMOCIONANTE, EXCITANTE, ENGRAÇADO, INTELIGENTE e SENSÍVEL da trilogia, “Toy Story 3” é ainda um dos melhores filmes da Pixar e um dos melhores e mais contundentes filmes do cinema atual –  e isso é FATO!

Trazendo de volta toda a inteligência e criatividade que fez os dois primeiros filmes tão marcantes, Unkrich e Arndt impõem ao filme um ritmo excitante e dinâmico desde o primeiro segundo de projeção, e dentre várias cenas de ação e aventuras que se revelam AS MELHORES DA FRANQUIA, os dois ainda dão espaço para aprofundarem as emoções de seus queridos personagens. Aliás, o filme revela uma coerência narrativa tocante com os outros filmes – demonstrando o crescimento de Andy, a devoção honesta e sensível dos brinquedos ao seu carinhoso dono e a amizade PROFUNDA entre todos os brinquedos – e tudo isso já estava se desenvolvendo com cuidado desde o primeiro filme.

Unkrich revela ter uma imaginação ILIMITADA ao dirigir o filme com câmera e edição frenéticas e urgentes que nunca tiram nossa atenção do filme e SEMPRE aproveitam as gags humorísticas – o Buzz latino, os brinquedos simpáticos de Bonnie e o Ken são IMPAGÁVEIS e responsáveis por MUITAS gargalhadas. Além de humor INTELIGENTE e PURO, Unkrich ainda tem muita habilidade para dirigir cenas de ação TENSAS e INEBRIANTES – a introdução do filme é de um tom de grandiosidade divertida TREMENDA (além de criar um link elegante com o início do primeiro filme e ser uma homenagem LINDA ao imaginário infantil). O exemplo maior da capacidade imaginativa de Unkrich e Arndt é o intricado e DIVERTIDÍSSIMO plano de fuga dos brinquedos no terceiro ato. Mas Unkrich não só emprega intensidade aventuresca ao filme, como também um tom sentimental que vai fundo na alma.



Aliás, sentimento, é a palavra chave aqui, Arndt (que também escreveu o excelente roteiro de "Pequena Miss Sunshine") escreveu momentos e situações de emoção que se beneficiam de nossa simpatia pelos adoráveis personagens sem serem maniqueístas – os planos para chamarem a atenção do Andy adulto são de partir o coração; a possibilidade da separação daquela “família” é uma realidade que nem nós queremos enfrentar, pois a interação entre eles é tão afetiva e verdadeira que é impossível que fiquemos indiferentes; e a imagem daquelas pequenas criaturas darem as mãos ao confrontarem um abrupto e triste fim é a imagem MAIS IMPACTANTE e ABSURDAMENTE EMOTIVA que a Pixar já criou.

Continuando e seu preciosismo, a Pixar mais uma vez nos esbalda com uma animação PERFEITA em todos os aspectos: desde a calorosa e colorida fotografia que dá o tom para cada situação (incluindo uma creche linda e alegre de dia, e ASSUSTADORA e sombria à noite), os movimentos fluidos e as texturas dos bonecos (de acordo com as características de cada um), a infinidade de brinquedos diferentes que conhecemos (os quartos de Sunnyside são imagens inundantes em toda seu mosaico de coloridos e ativos brinquedos) e a expressividade sem limites de cada um (que os tornam caros e humanos para nós).

A verdade é que, desde o início do filme, sentimos uma atmosfera de nostalgia contagiante por vermos aqueles personagens mais uma vez, e isso é a prova maior de que os realizadores conseguiram criar os personagens com tanto cuidado e carinho durante três filmes que os tornaram inesquecíveis para os espectadores. E como estamos diante de uma conclusão de uma saga, tudo se torna ainda mais especial e sincero.

Trazendo ainda leituras extremamente adultas e complexas – como a estranheza de estar crescendo e dar adeus às coisas que mais amamos e rumarmos para um futuro mais preocupante; além de temermos enfrentar a realidade de nunca mais vermos pessoas que amamos, e o encontro de nossas vocações, além de frustração quando não as realizamos – “Toy Story 3” é mais uma prova de que animações são tão, ou mais, importantes e inteligentes que filmes live action... basta ter inspiração e ideias tridimensionais para um roteiro sagaz, uma direção emotiva e segura e, de quebra, personagens complexos, sinceros e “humanos” como os que vemos aqui.

A trilogia “Toy Story” já se tornou clássica e merece estar entre as melhores de todos os tempos!


Nota IMDB: 8.5










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