Critica feita por: Marcelo Alvim
Um filme poesia, conheça um jeito mais “Maude” de ser, para viver mais feliz!
“Ensina-me a Viver” ou "Harold and Maude" (título original) possui a direção genial de Hal Ashby, e merece ser lembrado como um dos filmes mais encantadores já realizados. Um filme diferente de qualquer outro, um filme profundamente espiritual, que deixa uma mensagem duradoura. O sucesso deste filme não é em si os personagens ou a história, mas o legado subjacente, como a coragem para enfrentar desafios, a experimentação da felicidade, e as ideias de como viver o melhor neste planeta, saboreando as suas belezas.
O filme chega a empregar um eficaz de diálogo emocional, com dicotomias interessantes, e ainda rompe declaradamente alguns importantes paradigmas sociais. Mira diretamente os valores sociais mesquinhos e fundamenta com situações extremas de como "deveria ser". A história nos passa o clima das décadas de 60 e 70, época de uma juventude rebelada contra as políticas de guerra, tempos do afloramento do movimento hippie, que trouxeram grandes mudanças na consciência planetária. Com a proposta dos tempos de ir ao encontro de um modo de vida de mais “Paz e Amor”, considero o filme transpassa esse objetivo em sua harmonia, com maestria. Desafia os padrões dos pensamentos atuais, nos empurrando aos limites do que é e o que não é socialmente aceitável. Ele impactou não apenas meus sentidos sensoriais, mas me elevou a percepção sobre as possibilidades da liberdade e do amor.
“Ensina-me a Viver” é sobre um encontro inusitado, entre duas pessoas escandalosamente excêntricas, uma mulher louca de idade avançada (Maude), e um jovem rapaz psicologicamente perturbado (Harold). Um encontro de duas personalidades muito diferentes, um jovem que tem todas as possibilidades de vida, mas está obcecado pela morte, e uma pessoa idosa que se aproxima da morte, mas está obcecada pela vida. Este filme persegue a felicidade, com seus personagens, Maude (Ruth Gordon) mostrando muito da filosofia budista e Harold (Bud Cort) representando a busca do sentido da vida.
Extremamente bem escrito, bem encenado, possui ensinamentos poderosos, posso afirmar que é um dos filmes mais edificantes que eu já vi, daqueles raros que faz você reexaminar a sua vida de uma forma positiva, como raramente experimentamos no cinema. Tem uma trilha sonora carregada de emoção, simplesmente fantástica e que valoriza todo o conjunto. As canções estão cheias de significados profundos, elas entrelaçam as “Maudes” mensagens deixadas. O filme e as músicas são um sucesso não só para divertir e tocar nossos corações, as letras também contribuem para as reflexões de uma nova maneira de encarar a vida. Cat Stevens encanta com suas poesias simples, mas tão precisas, como mostra a letra de uma de suas lindas músicas apreciadas “If You Want To Sing Out, Sing Out”, (Se Você Quer Cantar, Cante):
“Se Você Quer Cantar, Cante!; E se você quer ser livre, seja; Porque existem muitas coisas pra ser; Você sabe que sim,
E se você quer viver pra cima, viva; E se você quer viver pra baixo, viva; Porque existem muitos caminhos pra ir; Você sabe que sim”.
Este filme tem uma atmosfera que o mundo é um playground gigante para fazer brincadeiras. Diferenciado das linhas típicas dos pensamentos vigentes, desafia o espectador a ver a vida de uma lente totalmente nova. Inspira a apreciar o mundo ao seu redor, em vez de deixá-lo lentamente passar. E ainda faz rir, algumas vezes em voz alta, há uma abundância de momentos engraçados, mas também há os momentos de vida, ternura e romance.
O resultado dessa megaviagem é excelente, comovente. Eu recomendo esta obra – com certeza uma obra-prima do cinema, onde o diretor efetivamente toca o espectador. Um trabalho verdadeiramente belo que resiste ao tempo, tornando uma fonte de inspiração constante para todos. Realmente digno de aplausos e mais, com resultados maravilhosos. Instrui como ter um jeito mais “Maude” de ser, para vivermos mais felizes.
Informações: http://www.imdb.com/title/tt0067185/
Nota IMDB: 8.0
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