segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ESPECIAL TRILOGIA BATMAN DE NOLAN, por Guilherme Dias Araujo




Conteúdo feito por Guilherme Dias Araujo


Batman Begins (Batman Begins, 2005) de Cristopher Nolan



Cristopher Nolan iniciou aqui, não somente uma das melhores adaptações de HQ de super-heróis de TODOS OS TEMPOS (ao lado de sua sequência, “Watchmen”, “Homem-Aranha 2”, “X-Men 2”, “X-Men – Primeira Classe” e “Superman – O Filme”) como também uma das MELHORES, MAIS COMPLEXAS e MAIS INTELIGENTES franquias de aventura da história do cinema.


Tendo o ótimo princípio de ignorar completamente os filmes anteriores do herói (os filmes de Tim Burton são estilosos mas não têm roteiros que façam jus ao heróis; já os de Joel Schumacher são abominações cinematográficas traumatizantes), Nolan e David Goyer criam um roteiro INCRIVELMENTE sábio ao penetrar completamente na psique de Bruce Wayne e gastar, quase, metade do filme com sua história de vida trágica, os ensinamentos profundos de seu pai, a imagem fraternal de Alfred e sua juventude turbulenta por memórias e rancores do passado gerando meios confusos e auto-destrutivos de extravasar. Hora nenhuma no filme isso soa piegas ou superficial, Nolan e Goyer sempre criam interações e diálogos inteligentes e elegantes que não revelam mais do que deveriam e expressam os sentimentos dos personagens com muita objetividade e complexidade.


GRANDEMENTE baseado num mundo realista, sujo, impiedoso, vil e cruel, “Batman Begins” também retrata o treinamento e a transformação de Bruce Wayne em Batman com imenso respeito à inteligência do espectador: apesar de terem alguns detalhes fantasiosos charmosos, tudo é EXTREMAMENTE plausível e real – afinal, Batman nunca foi um herói com super-poderes. Desde os ensinamentos de luta com base em Kung-fu, a teatralidade do homem-morcego, a imponente caracterização, os artifícios e as armas...TUDO é explicado de forma orgânica e direta. Aliás, a caverna, o roupa, a capa, a máscara, as armas do Batman, tudo tem um propósito bem definido e muito bem apresentado – principalmente o símbolo que Bruce escolhe para ameaçar seus adversários: algo que entra em concordância com o estudo do psicológico do personagem desde o início – e essa importância com a personalidade do herói e o que o torna o herói é algo profundamente TOCANTE.

Nolan, além de ÓTIMO roteirista, também dirige o filme com um tom épico monumental: as locações na China durante o treinamento do Bruce e a Gotham City moderna e violenta de Nolan são de encher os olhos pela minúcia e detalhes de sua concepção. Nolan leva tudo com um tom sombrio e melancólico que combina PERFEITAMENTE com o herói e sua história de vida, além de fazer um elo com filmes noir e policiais violentos, já que os vilões aqui são policiais corruptos, mafiosos e profissionais mentalmente perturbados, e deturpados, outro exemplo do MARAVILHOSO realismo de Nolan. A fotografia sombria e envelhecida de Nolan é elegante e ajuda na atmosfera tensa do filme e na imponência da perigosa Gotham City. Aliás, a atmosfera é completamente inundada pela inspiradora trilha sonora, que cria tons grandiosos e tristonhos maravilhosos. Os efeitos visuais são impecáveis e utilizados com comedimento e inteligência.

As sequências de ação são excelentes, principalmente a cena do tumbler – e apesar de reclamarem desse novo “Bat-móvel”, é fenomenal em sua concepção e utilidade. Já quanto aos vilões: Ra’s Al Ghul é uma estupenda surpresa do filme é perfeito na proposta do filme de relacioná-lo fortemente a origem do herói e deturpar o siginificado de sua cruzada – fora que Liam Neeson tem um presença em cena admirável e inspira força e ameaça pelo tom de voz, ao mesmo tempo de confiança; já o Espantalho de Cilian Murphy dá um tom de fantasia bizarra para o filme que diverte o traz mais perto de suas origens de HQ, apesar de totalmente plausível.

Michael Caine demonstra intensidade emocional admirável como Alfred, suas preocupações são palpáveis; Katie Holmes é talentosa ao não se render em ser a mocinha histérica e sua Rachel Dawes demonstra um idealismo tão emocionante quanto o do herói; Gary Oldman é hábil ao mostrar o cansaço físico e psicológico do Tenente Gordon, e isso torna seu caráter ainda mais respeitável; Morgan Freeman nos diverte com o cinismo de Lucius Fox e ajuda a tornar as ferramentas do Batman mais realistas; já Rutger Hauer demonstra poder e arrogância que reflete as granes corporações de hoje em dia.

Mas o filme pertence mesmo a Christian Bale, que pegou o Bruce Wayne/ Batman das páginas do roteiro e transpôs de forma magnífica em sua complexidade moral e emocional. Bale demonstra com delicadeza os conflitos internos de Bruce e nos convence piamente de suas motivações morais de se tornar o Batman. Além disso, Bale consegue dividir os três personagens PERFEITAMENTE (o verdadeiro Bruce, o Bruce playboy e o Batman) ao se expressar diferentemente, mesmo que dolorosamente em alguns momentos, para ocultar sua identidade. Sua persona como Batman é absurdamente eficaz, sua expressão facial e corporal ASSUSTADORA e seu tom de voz IMPACTANTE demonstra seu detalhismo como ator.

Além de ser ótimo escapismo, “Batman Begins” é um filme de super-heróis exemplar por demonstrar paixão irremediável por seus personagens e estudá-los a fundo para emocionar os espectadores. Além de não criar vilões caricatos e tornar suas motivações entrelaçados com o assustador mundo real que em que vivemos hoje.
Um filme a se respeitar!

Nota IMDB: 8.3


Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) de Cristopher Nolan



Impressionante ainda depois de anos após seu lançamento, “O Cavaleiro das Trevas” não é somente um dos melhore filmes no ano que foi lançado (aliás, INFINITAMENTE melhor que TODOS os filmes indicados ao Oscar de melhor filme naquele ano, inclusive o vencedor), mas também um dos melhores, se não “O” melhor, filme de super-herói de TODOS OS TEMPOS e, juntamente com o brilhante “Watchmen”, um filme que firmou um novo patamar de filmes de super-heróis no cinema mundial: um filme denso, inteligente e emocionante para o público adulto!


Se o roteiro do filme anterior já havia sido um primor de estudo de personagem, com bases fantásticas, de modo realista, profundo e sentimental com um tom sombrio de film noir (sem esquecer as excitantes cenas de ação e personagens secundários MARAVILHOSOS), aqui os Irmãos Nolan escreveram um filme policial cruel e violento que leva o espectador ao limite da agonia e do sentimento cada vez mais intensamente de acordo com as situações mais desesperadoras de seus personagens – TODOS os personagens. Nolan dirige o filme confluindo ABSOLUTAMENTE TUDO que os grandes cineastas do cinema de ação fizeram de melhor: capta o nervosismo e a urgência de Wiliam Friedkin; os embates psicológicos GRANDIOSOS de personagens que têm muito mais em comum do que pensam de Michael Mann; o suspense sufocante e agonizante de Brian de Palma e os planos e personalidades SURPREENDENTES dos filmes policiais de Martin Scorsese. Um exemplo disso é retratar o Batman não como um herói absoluto, mas como um membro de um time de policias, promotores e políticos que lutam pelo bem de Gotham; e isso, além de emocionante ao desenvolver figuras como o Comissário Gordon, Rachel e Harvey Dent, confere ainda mais realismo e peso para as situações que Batman se encontra.


A grande sacada do filme reside justamente no antagonista: o ASSUSTADOR Coringa de Heath Ledger. Os Nolan criaram uma personalidade tão FORTE e DOENTIA para seu vilão, que toda sua inteligência, magnitude, psicopatia e mistério são absurdamente bem calcados na realidade. Apesar de nunca sabermos a origem exata do vilão, isso o torna ainda mais assustador, imprevisível e inconsequente ..e cada vez mais ameaçador para nosso herói (e aqui o duvidamos muito da capacidade de Batman detê-lo). Aliás, imprevisibilidade e inconsequência são duas palavras exatas para exprimir os planos do Coringa, os Nolan conseguem captar nossa atenção e surpresa com cada vez mais intensidade e desequilíbrio emocional à medida que o filme avança – realmente, poucos filmes Hollywoodianos reservam tão PROFUNDAS e DEVASTADORAS emoções quanto esse aqui. O Coringa é um vilão que tem a inteligência de enxergar todas as vertentes que podem surgir das situações que estão pra ocorrer e consegue, de uma maneira ou outra, sempre estar no domínio de seus algozes e realizado algo ainda mais desumano e doentio do que havia feito antes, sempre procurando testar o físico, e principalmente o psicológico dos personagens – e tudo isso embalado pelo tom realista e complexo dos Nolan.

Ledger conseguiu, com maestria, incorporar toda a mentalidade aterradora do Coringa e exprimir, com MAGNÍFICOS DETALHES, suas intenções e motivações que são MUITO MAIS desafiadoras, anárquicas e profundas que qualquer vilão de qualquer outro filme de super-heróis. O andar, os encurvamentos, a dicção e as expressões de Ledger nos abominam por transparecer seus ideais, mas não deixam de fascinar pelo paralelo POÉTICO com os ideais de Bruce Wayne/Batman – e a complexidade da relação dos dois que, em estudos, estão mais próximas do que se imagina, cria uma densidade emocional tanto para Batman quanto para o Coringa que engrandece ainda mais o que cada um representa – outro ponto positivo para os Nolan.

Sempre contando com diálogos inteligentes, desafiadores e inspiradores, o roteiro dos Nolan ainda cria uma continuidade admirável com o filme anterior, nunca deixando de mostrar a evolução dos personagens que nos tocaram: a Rachel de Maggie Gynlenhaal continua brava e decidida, além de se ver divida entre o amor de criança de Bruce e o idealismo apaixonante de Harvey Dent; Michael Caine continua trazendo Bruce de volta à realidade com seus ensinamentos honestos e valorosos; Morgan Freeman diverte pela ironia com que interage com Wayne e tem um papel decisivo de peso moral no fim do filme que reflete TODA a política de hoje em dia – outro ponto que engrandece o filme; já Gary Oldman continua encantando com a vontade inabalável do Comissário Gordon de trazer o bem para Gotham.


Mas, depois de Ledger, o filme tem seus dois principais destaques para Cristhian Bale e Aaron Eckhart. Bale demonstra com segurança que Bruce está mais confortável em administrar a vida do verdadeiro Bruce e do Bruce playboy após tanto tempo; já seu Batman é posto em cheque durante TODO O FILME, poucas vezes um super-herói foi tão testado assim no cinema – e Bale comprova que é o ator IDEAL para viver Batman pela intensidade com que mostra o cansaço de Batman – físico e psicológico; ao mesmo tempo que sua vontade de tornar tudo melhor. Já Eckhart cria um Harvey Dent idealista carismático e MUITO corajoso que encontra reflexo nas intenções de Bruce Wayne – e é tocante ver Bruce reconhecendo isso em Dent. E a interpretação de Eckhart durante as provações psíquicas e morais que Dent é obrigado a passar é BELA e TRÁGICA... traz uma emoção MUITO verdadeira para um filme que já muito COMOVENTE.

O filme ainda conta com qualidades técnicas ADMIRÁVEIS: o som é maravilhosamente bem editado e mixado, denotando muita sensibilidade e realismo nas cenas de ação; a fotografia combina muito bem com o tom sombrio e pesado do filme, carregando uma violência e crueldade implícitas assustadoras. Já os efeitos visuais do filme são práticos e utilizados com sagacidade – nada mirabolante ou grandiloqüente. A trilha sonora de James Newton Howard e Hans Zimmer é simplesmente sufocante e acompanha as ações do Coringa de modo a enaltecer ainda mais sua mente doentia e sua perversidade, sem esquecer de demonstrar com sensibilidade a tragédia e o drama de Bruce Wayne e daqueles que o cercam.


Afinal, a grandiosidade do filme de Nolan está nas dinâmicas entre os personagens e seu roteiro surpreendente e inteligente, e isso coloca “O Cavaleiro das Trevas” como um filme digno de respeito a admiração tanto por fãs de HQs quanto para cinéfilos.


Sombrio, imponente, adulto, complexo, emotivo e INESQUECÍVEL, “O Cavaleiro das Trevas” prova que super-heróis não é somente coisa de crianças.

Nota IMDB: 9.0

Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012) de Cristopher Nolan



É difícil segurar as lágrimas em um filme como “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”.


Nolan brincou com nossas emoções e sentimentos nos dois filmes anteriores ao nos apresentar com INTELIGÊNCIA e SENSIBILIDADE um ser humano melancólico com uma história trágica se tornando um símbolo IMPONENTE de tudo que a maldade e a violência na sua cidade deveria temer; além de enfrentar vilões GRANDIOSOS que sempre foram orgânicos e significativos em sua trajetória e que REALMENTE ameaçavam seu posto – e tudo embalado por um clima noir sombrio, realista e fatalista.


Nesse terceiro capítulo, Nolan encerra a saga de maneira PERFEITA em seu tom trágico, coerência narrativa com seus antecessores e, mais importante, desenvolvimento complexo de seus personagens já pautados e os novos.


Cristhian Bale encontra uma ressonância dramática IMPACTANTE com seu Bruce Wayne e o Batman. Enquanto o segundo se sente feliz ao ver a paz em Gotham City e seu deve cumprido, Wayne se encontra exausto por todos os conflitos e por seu amor perdido. Bale carrega emoções tão fortes a Wayne que seus embates com o Alfred de Michael Caine são incrivelmente EMOCIONANTES. E Bale entrega uma caracterização impressionante, transparecendo cansaço no início do filme e nos fazendo crer em sua luta para voltar à forma. E quando vemos Batman de volta à ativa, Bale impõe uma presença tão intensa que nos faz chorar. O já citado Caine tem os dois dos momentos mais LINDOS e VERDADEIROS do filme – lágrimas mais uma vez, e explode em sentimentos quando consegue desabafar os seus receios quanto à vida oculta de seu “filho” Bruce. Do time antigo, Morgan Freeman vota mais uma vez como um senso lógico e ético ao filme, ao passo que Gary Oldman exibe uma dor quase palpável ao pensar no seu arrependimento ao exaltar Harvey Dent e condenar Batman – além de estar mais inteligente e frio do que nunca.


Em relação aos novos personagens: o John Blake de Joseph Gordon Levitt é um personagem que encontra reflexos no sofrimento de Bruce Wayne e, mais uma vez lágrimas, o faz encontrar mais motivação – a performance de Levitt ainda traz o realismo e a melancolia do universo criado por Nolan; a Miranda Tate de Marion Cotillard traz um calor humano à Bruce Wayne, e ainda cria uma rima com o primeiro filme incrivelmente densa e poética; já a Selina Kyle/Mulher-Gato de Anne Hathaway é ABSURDAMENTE sexy, poderosa e ameaçadora – apresentando uma presença em tela INVEJÁVEL, principalmente em cenas de ação ao lado de Batman; ela possui ainda um peso dramática e um conflito ético tocante ao longo do filme.

Por fim, o vilão Bane é vivido de forma INTENSA por Tom Hardy, prova disso é que com um trabalho IMPECÁVEL de voz e expressão de olhares, Hardy consegue passar um mundo de sentimentos em suas ações, além disso, seu tipo físico consegue criar temor REAL pelo destino de Batman.
É verdade que o roteiro dos Nolan aqui não é tão intricado quanto ao de “O Cavaleiro das Trevas”, mas é tão profundo e emotivo quanto. As motivações do vilão encontra reflexo em toda a trajetória, principalmente origem, de Batman, e torna ao avesso tudo que havia sido criado em Gotham desde então. A trama policial do filme, com seus conflitos, é tão inteligente e emblemática quanto no filme anterior, a continuidade dos conflitos de Gordon, Wayne e Alfred não desrespeitam e ainda aprofundam mais o que havia ocorrido antes. O desenvolvimento de John Blake é feito com muita segurança e o de Selina Kyle/Mulher-Gato com um ar de descontração pesarosa ADMIRÁVEL.

Nolan, como sempre, filma tudo com um clima de perigo iminente e uma urgência agonizante, sendo que a tensão criada durante todo o filme é EXEMPLAR. Mas, ciente de que está em seu último filme da franquia, Nolan impõe uma GRANDIOSIDADE às cenas que nos emociona e nos traz um ar de encerramento que, ao mesmo tempo, nos comove e nos já faz sentir saudades daqueles personagens que aprendemos a admirar. Muito disso vem da trilha sonora empolgante e EMOCIONANTE de Hans Zimmer.
Nolan ainda cria momentos de ação arrebatadores aqui – com destaque para o retorno de Batman, ao lado de Mulher-Gato; a cena inicial de Bane e a corrida final – de volta com a Mulher-Gato; nesse momentos Nolan edita o filme com uma fluidez admirável ao mostrar as ações de personagens diferentes ao mesmo tempo. Porém, o foco de Nolan aqui não é as cenas de ação – que impressionam, mas sim os conflitos emotivos entre os personagens. Nolan ainda apresenta uma fotografia seca e sombria, além de levemente desaturada, que impõe um clima de violência e realismo ao filme. Aliás, a paleta de cores dos figurinos é de um preto abundante – o que instila ainda mais obscuridade, e os figurinos de Batman, Mulher-Gato e Bane são exemplares pelo realismo, praticidade e estilo.

Quanto ao fim do filme, Nolan consegue deixar tudo amarrado de forma cíclica com os outros filmes e EMOCIONA MUITO ao demonstrar carinho imenso aos personagens que nos ensinou a amar e admirar. 
Por tudo isso, a trilogia “Batman” de Cristopher Nolan é, sim, a MELHOR TRILOGIA DE SUPER-HERÓI DO CINEMA MUNDIAL!

Nota IMDB: 8.8








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